quarta-feira, 16 de setembro de 2015

amor em quatro patas

quando eu era criança, vivia pedindo um cachorrinho pra minha mãe. queria um bicho peludo que corresse atrás da bolinha que eu jogasse, que me deixasse toda suja de baba e que deitasse comigo no sofá pedindo carinho na barriga. por mais que eu tenha enchido o saco dos meus pais pra conseguir um bicho desse, nunca obtive sucesso. meu pai não é muito fã da ideia de ter uma casa lotada de pelos, então ele sequer me dava ouvidos. mas minha mãe, mesmo que também goste muito de cãezinhos, sabia que não ia rolar. por mais que eu quisesse um melhor amigo com quatro patinhas e um rabinho balançante, eu não queria as obrigações de ter um cachorro. descer pra passear e fazer xixi? limpar as sujeiras todas? é, acho que não. na minha cabecinha de criança, ter um dog não implicava nada disso. era só amor, alegria e diversão. na cabeça de adulto da mamãe, ter um dog era mais trabalho pra ela mesma. e na cabeça de adulto do papai, ter um dog significava nojeira (meu pai é desses que, se pudesse, tomava quinze banhos por dia só pra continuar sempre limpinho).

daí que eu ganhei um presente absolutamente especial quando eu fiz, sei lá, uns três ou quatro anos: um cachorrinho de pelúcia.


ele tinha uma caminha, tinha cobertinha pra dormir, tinha coleira pra passear. e a gente passeava mesmo, aqui pelo meu prédio, como se ele fosse real. não me lambia, não latia e nem abanava o rabo quando me via chegar em casa, mas ele era de verdade. o nome que eu escolhi na época foi totó, porque eu devia ser uma criança bem sem criatividade. o bicho continua comigo até hoje, é minha pelúcia preferida do mundo e eu acho que ele é meio toy story: quando eu não tô olhando, certeza que o cachorrinho ganha vida. meus outros bichos de pelúcia não, só ele mesmo.

mas convenhamos que, por mais que minha versão de quatro anos de idade tenha se contentado, o totó nunca foi capaz de ocupar o espaço de um cãozinho de verdade. eis que, quando eu tinha por volta de uns dez anos, meu primo resolveu que teria um cachorro. pois ele arrumou um labrador filhotinho, do tamanho do meu bicho de pelúcia, e com o pelo só um tantinho mais amarelado do que o dele. o cãozinho era tipo a versão real do meu totó, achei incrível! meu primo disse que o cachorro se chamaria nick. achei o nome bem ruim e, no alto de toda a minha inexistente criatividade, disse que scooby era muito melhor. minha avó deve ter gostado da minha ideia, porque o nome do dog acabou sendo o que eu escolhi mesmo. (ah, meu primo morava com a minha vó. quem quis o cachorro foi ele, mas quem acabou se tornando a dona de verdade e cuidando do bicho foi ela, né? por isso é que a decisão final foi dela também.)

eu tava lá na casa dela, esperando, quando scooby chegou. veio pequeno, manhoso, lambendo freneticamente as minhas mãos e dormindo no meu colo - porque fiz questão de não largar o cachorro nem por um minuto aquele dia. o filhote cresceu tanto em tão pouco tempo que essa história de pegar no colo acabou rapidinho. e ele comia tudo o que via pela frente, inclusive a casinha de madeira e uma bolsa da minha mãe (além de tudo o que tinha lá dentro). se queria carinho, ficava manhoso e vinha deitar de barriga pra cima do nosso lado. se queria sossego, saía fora e não dava muita bola pra ninguém. se queria brincar, corria pelo quintal atrás das bolinhas coloridas - e ai de quem quisesse tirar uma delas de dentro da boca dele, o bicho não deixava jamais! scooby foi crescendo, comendo e engordando como se não houvesse amanhã. ficou com problema nos ossos pelo excesso de peso, precisou fazer dieta... e isso fez com que ele se cansasse muito rápido e passasse a brincar cada vez menos, mas nunca parou de pedir carinho e atenção. scooby ficou com a gente (com a minha avó, no caso) até que não dava mais pra cuidar dele, com quase dez aninhos de vida. aí foi morar no interior, no sítio de uns parentes, onde aprendeu a acordar cedo, junto com as galinhas, e a comer várias frutas e legumes. continua gordão e cansado, mas deve tá feliz como nunca com aquele espaço enorme pra percorrer. ele é o cachorro mais lindo que eu já conheci e o que eu mais amo também <3


e aí veio o billy, o poodle mais de boa da face da terra. bolinho, para os íntimos (só eu e seu dono, meu boy), chegou na vida do namorado quando ele era bem criancinha e tá aí até hoje, velhinho e carente que só ele. o amor da vida desse cachorro é meu sogro. quando ele chega em casa, o billy só falta parir. todo santo dia, toda santa vez. é impressionante. ele é quietinho, bem tranquilo, só quer saber de dormir e de passear pra fazer suas necessidades básicas :) billinho quando sente cócegas mexe a perninha loucamente, quando quer a comida do seu prato fica te olhando com os maiores olhos de pedinte que eu já vi na vida e quando quer carinho vai até você e fica fazendo aquele barulhinho de cachorro até você se dar por vencido e fazer uns cafunés na cabecinha dele. e quando você parar, billinho vai te olhar e usar a patinha dele pra pedir mais. nesse quesito, o cachorro é insaciável (me identifico, inclusive). ele não é muito fã de colo, a menos que você esteja sentado e ele queira muito mesmo ficar em cima de você. senão, pode esquecer. o bicho é até meio esnobe, porque só vai te dar bola se ele tiver a fim de verdade. a gente virou bem amigos desde que comecei a frequentar a casa do boy e eu fui conquistando o coração do billy até ele virar tipo meu filho. quando ele tá especialmente me amando, a gente encosta nariz com fucinho pra demonstrar o nosso amô um pelo outro.


aí eu fico vendo uns duzentos vídeos incríveis de cachorrinhos por dia e pensando em como deve ser maravilhoso ter um desse na nossa vida, pra deixar tudo mais sujo de baba e mais cheio de amor. não vejo a hora de poder ter meu próprio filho de quatro patinhas! mas enquanto esse dia não chega, fico matando minha vontade com os cachorros dos outros <3

(por mais que eu ache que me daria muito melhor caso tivesse um gato. mas aí o assunto fica pra outro post, senão esse aqui não acaba nunca!)

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