terça-feira, 30 de outubro de 2018

livrinhos de outubro

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Em algum lugar nas estrelas - Clare Vanderpool (2013)


 favorito do mês! 
me interessei pelo livro porque achei essa capa maravilhosa (darkside como sempre roubando o meu coração!), peguei pra ler sem saber muito o que esperar e: que quentinho no coração!! ♡ a história é bem bonita e as personagens principais são crianças, o que pra mim já faz o livro ganhar muitíssimos pontos. fala sobre amor, família, amizade, a dor da perda, aceitação, superação, sentimento de não pertencer... é uma graça!!!! e a mensagem é linda, de deixar a gente emocionado mesmo. senti vontadinha de chorar, fiquei ansiosa querendo saber o que aconteceria a seguir, me apeguei aos meninos, enfim. sucesso em formato de livrinho!!


Sejamos todos feministas - Chimamanda Ngozi Adichie (2014)


dando continuidade ao meu projeto de ler tudo o que a chimamanda já publicou, agora foi a vez desse texto adaptado de uma das participações dela no TED. eu amo essa mulher, amo o jeito dela de se expressar e amo descobrir um pouco mais da cultura africana (ou, pelo menos, nigeriana) a partir da visão dela. então é óbvio que essa foi uma leitura show de bola. livrinho rápido e fácil, pra terminar de uma vez só na sala de espera do consultório médico. é daqueles que todo mundo devia ler e que vale muito pra dar de presente pra quem ainda precisa abrir mais a mente e o coraçãozinho. chega naquela tia mais conservadora e entrega um desse no natal, deve ser mais efetivo - e menos cansativo - do que perguntar "você já ouviu a palavra do feminismo hoje?" :P


Olhos d'água - Conceição Evaristo (2014)


mais um pra me mostrar que livro de conto não é ruim se os contos forem bons! e esse aqui é daqueles de ler de estômago embrulhado, com uma mistura de lágrima e sangue nos zóio. pesado, bonito e dolorido. conceição bota o dedo na ferida sem dó, mas faz isso de um jeito quase poético. é leitura pra fazer a gente ver a mulher negra com olhos mais carinhosos, pra mostrar que o homem negro não tem oportunidade de crescer dentro da ideia torta da meritocracia e pra escancarar a realidade das crianças negras e pobres sem perspectiva de futuro. pra sentir empatia pelas personagens e, mais do que isso, sentir raiva do sistema que não apenas não faz nada pra que elas saiam dessa vida cheia de dificuldade e violência, mas que na verdade se alimenta disso. vou guardar esse aqui num cantinho especial. ♡ 



Harry Potter and the chamber of secrets - J.K. Rowling (1998)


edição comemorativa de VINTE ANOS (!) dessa preciosidade em forma de livrinho. comprei o da hufflepuff porque amarelo é muito a minha cor e eu achei esse bonito d+ ♡ sobre a história eu não tenho nem o que dizer pois amo do fundo do meu coraçãozinho e lembro até hoje da fissura que eu fiquei quando li pela primeira vez: meu coração quase saiu pela boca na parte da câmara secreta! hahah harry potter, né, gente: amo, sou, recomendo. ah, ler em inglês britânico é sempre uma experiência enriquecedora, porque a quantidade de palavras e expressões novas que eu aprendo é gigante. fica a dica pra quem quiser ganhar vocabulário! ;) 


Educação como prática da liberdade - Paulo Freire (1967)



em tempos difíceis que nem esses que a gente tá passando nesse país maluco, época em que dói de verdade o peito de quem, assim como eu, acredita que a educação é fundamental, só um paulo freire pra ajudar a colocar a cabeça da gente no lugar e renovar as esperanças (apesar do medo que dá). é assustador pensar que isso foi escrito antes dos anos 70, mas que dialoga perfeitamente com o que a gente tá vivendo hoje em dia. parece que a gente não saiu do lugar. não é uma leitura gostosa, nem serve como distração, porque o texto é denso e exige atenção e reflexão o tempo todo. fala sobre educação, política, diálogo, democracia, cultura, pensamento crítico e liberdade. é pra gente nunca esquecer que pedagogia democrática é amor. seguimos!

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em números, resumão do mês:

 livros terminados 5 x 0 livros abandonados

 literatura brasileira 2 x 3 literatura estrangeira (1 dos eua, 1 da nigéria e 1 da inglaterra)

 livros lidos no kindle 4 x 1 livros físicos

 autoras mulheres 4 x 1 autores homens

 releituras 1 x 4 livros novos

terça-feira, 23 de outubro de 2018

quem canta seus males espanta

no começo do mês foi aniversário do boy.

assim como eu, ele também não é lá muito fã de dar festa, mas sair pra comemorar uma data especial ele nunca recusa. sendo assim, fomos com um grupo de amigos celebrar esse diazinho maravilhoso em homenagem à pessoinha maravilhosa que ele é. :)

no final do rolê, quando o bar que a gente tava fechou, saímos de lá e fomos pra um karaokê. esse after não tava planejado, o boy e eu não sabíamos muito bem o que esperar. e eu posso garantir que, mesmo que eu soubesse, continuaria sendo 100% surpreendida com o desenrolar da noite. que loucura, meus amigos.

pra começo de conversa, o karaokê era no largo do arouche, que fica bem no centrão de são paulo ("meia noite, em pleno largo do arouche..." ♪). chegamos lá já era de madrugada. a região é escura, esquisita, meio deserta. enfim, só de estar andando a pé por ali eu já tava querendo pedir socorro pra minha mãe, sabe? pois bem. chegamos no tal karaokê. era um lugar bizarro, pra dizer o mínimo. tinha tanta teia de aranha que parecia abandonado há anos, mas por incrível que pareça ele continua sendo frequentado constantemente. só não larguei todo mundo pra trás e saí vazada na hora porque nossos amigos já tinham ido lá antes e garantiram que iria valer a pena, então pagamos pra ver.

namorado disse que sentiu a atmosfera ficar mais rarefeita quando passamos da porta. o ar era pesado, parecia até mais difícil de respirar (ou talvez tenha sido o choque que a gente sentiu, né? vai saber). a decoração daquele lugar era uma preciosidade à parte, mau gosto demais. era tudo tão horrível que ficava até meio maravilhoso. sem falar do público. só gente normal, gente bem encarada, gente que dava vontade de sair correndo mesmo. aliás, tinha mais ou menos umas quinze pessoas lá e, segundo nossos amigos, era BEM MAIS do que da outra vez que eles foram. muito bom.


eu demorei um pouquinho pra entrar no clima do rolê. o impacto foi tão grande que parecia que eu tinha entrado numa realidade paralela, sem brincadeira. eu tava rindo sozinha de tanto desespero que eu tava sentindo. o boy e eu trocávamos olhares apavorados do tipo "o que raios os nossos amigos têm na cabeça?????". até que eles começaram a encher a gente de bebida e, depois de um tempo, como já era de se esperar: tudo virou só alegria. :)

mas até esse momento show de bola chegar, a gente viu muita coisa bizarra acontecendo ali. tipo um cara de 50+ anos que era IGUAL ao álvaro dias (e que estava se pegando loucamente com um rapazinho apenas segundos antes) que subiu no palco pra cantar TACA PEDRA NA GENI. realidade paralela total. também teve a moça que cantou whitney houston e o KJ (o dj do karaokê, no caso) disse no final da apresentação dela "vou fazer uma vaquinha pra gente pagar a inscrição dessa mulher no the voice do ano que vem, gente!". depois disso a mulher meteu o louco que precisava ir embora logo, furou a fila pra cantar outra música e, no fim das contas, não foi embora coisa nenhuma.

dava pra ver que as pessoas ali eram frequentadoras assíduas. todo mundo se conhecia pelo nome, ninguém era novidade. só a gente. e como nosso grupo de amigos é meio sem noção, a gente causou desconforto nas pessoas. depois que o efeito do álcool deu as caras, a gente chutou o balde e aproveitou mesmo o rolê. cantamos, dançamos, aplaudimos e RIMOS LOUCAMENTE. e aparentemente o pessoal não tava gostando muito desse nosso jeitinho... até que o boy, que tava absurdamente feliz (♡), começou a fazer amizade com absolutamente todo mundo que tava lá. no fim da noite, a amizade já tava tão consolidada que um casal até dedicou "andança", da beth carvalho, pra ele. TEVE ATÉ PARABÉNS EM CIMA DO PALCO. coisa linda d+.

aliás, falando nisso, rolou até euzinha cantando em cima do palco! namorado não me deixou desperdiçar a chance de cantar, mesmo eu ficando com dor de estômago de tanto nervoso. mas ele me pediu com uma carinha tão maravilhosa pra aproveitar essa oportunidade com ele que, por mais que eu quisesse muito, eu não fui capaz de recusar. subi a escadinha com a perna tremendo, gritando por dentro pra alguém me tirar dali pelo amor de deus, mas no final deu tudo certo. cantamos sandy e junior - "quando você passa" e teve até uma moça desconhecida aplaudindo como se nós fôssemos a dupla verdadeira. foi incrível.

fomos embora só depois de fechar, às 04 e pouco da manhã. 

aparentemente misturar localização péssima + decoração bizarra + pessoas esquisitíssimas + música FUNCIONA SUPER. se alguém tivesse me falado mais cedo naquele dia que eu terminaria a noite bêbada num karaokê naquele naipe - e que eu iria gostar da experiência! - eu jamais acreditaria. concluímos que foi a melhor noite do ano.

cada um desses lustres era formado por
INÚMERAS garrafas de pinga

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tá tudo tão difícil nesse mês de eleição que eu nem queria vir falar de coisa boa, mas a gente não pode desistir, né? demorei pra aparecer, mas ainda tô por aqui. seguimos firmes, na medida do possível.

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

tempos sombrios

quatro anos atrás, em outubro de 2014, eu vim aqui por causa das eleições pra presidente. não pra comentar o resultado, mas sim as consequências dele: racismo e xenofobia a torto e a direito. mal sabia eu que na eleição seguinte a coisa teria degringolado de forma tão assustadora.

como vocês estão se sentindo com a corrida presidencial desse ano? eu tô em pedaços.

por muito tempo eu fiquei em estado de negação, não conseguia acreditar que a onda bozonazista tivesse realmente crescendo no brasil. cheguei a conversar com amigas e, enquanto elas expressavam preocupação quanto a isso, eu falava belíssima que "não é possível uma coisa dessa, magina, não pode ser". só que não apenas podia, como era mesmo. o negócio tava rolando bem na frente do meu nariz, ao meu redor, com gente conhecida, e eu lá desacreditando.

acho que eu confiei demais no bom senso e no tal amor pelo próximo que todo mundo diz sentir. bobinha, né? fico até envergonhada de ter duvidado da capacidade de ser ruim que as pessoas têm.

e o que me deixa mais estarrecida é que enquanto eu tô aqui reavaliando o meu posicionamento nos meses anteriores (e o de agora também, não dá pra perder nunca a autocrítica), a galera continua enchendo a boca pra gritar discurso de ódio e incitar violência. pelo fim da corrupção, pelo bem da família, pra preservar os valores de deus. mas com arma na mão, com sangue nos olhos e investindo dinheiro em cemitério e não em presídio (!). porque bandido bom é bandido morto. porque negro bom é pobre e isolado na periferia. porque gay e lésbica não é bom nunca, mas se tiver que existir que seja bem longe da vista. porque mulher boa é aquela que não questiona e só obedece.

"a esquerda é doente, vai transformar nosso país tropical tão abençoado por deus numa ditadura comunista. a única ditadura que a gente quer é aquela que vem com golpe militar, quando o pessoal era torturado e sumia de vez. que mané direitos iguais pra todo mundo, tá doido que eu vou querer preto e viado no mesmo patamar que eu? mete bala nesse tipo de gente."

me dói o coração ver pessoas do meu convívio alinhadas com esse discurso. ainda que não seja por mal, que a escolha por aquele que não deve ser nomeado tenha sido bem intencionada, pensando em mudar os rumos do país e trazer segurança.

segurança eu só não sei pra quem, porque pra mim não é. jamais vou me sentir tranquila vendo tanta gente com medo, sem saber o que esperar do dia de amanhã. ter medo da esquerda porque acha que vai perder dinheiro e patrimônio me parece risível perto de ter medo da extrema-direita que ameaça a vida da gente...

mas pra não terminar isso aqui com tom de lamentação, fica uma pontinha de esperança. já diria albus dumbledore: happiness can be found even in the darkest of times, if one only remembers to turn on the light.

que a gente nunca se esqueça de acender as luzes! nem que, a princípio, a sua luz seja uma única faísca.

às vezes a minha luz apaga e eu acho muito difícil de reacender, de recuperar a fé. mas sigo tentando. não dá pra desistir. não agora que a gente já chegou tão longe. e não ainda, porque falta um caminho muito longo pra gente percorrer.

seguimos juntos, porque assim somos mais fortes. <3

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

livrinhos de setembro

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Alucinadamente feliz: um livro engraçado sobre coisas horríveis -
Jenny Lawson (2015)


abri os trabalhos do setembro amarelo com esse livrinho doido, de não ficção, que é tipo uma autobiografia de uma pessoa com transtornos mentais. comecei com lagriminha nos olhos, dei umas risadas ao longo da leitura e terminei aos prantos. definitivamente não entrou pra minha lista de preferidos da vida, no geral eu achei apenas ok, mas esse é um livro MUITO IMPORTANTE. tirando a parte engraçadinha de fazer piada em meio à desgraça, fica a mensagem importantíssima de que você é bem mais do que os monstros que vivem na sua cabeça e que a sua vida vale a pena. o final é tipo um abraço quentinho, com gosto de que, de um jeito ou de outro, vai ficar tudo bem ♡ (ah, só queria registrar que não entendi porque a autora fez o marido dela parecer tão insuportável - aliás, prefiro acreditar que ele é muito melhor do que aparenta ser no livro, porque não consigo conceber aquele casamento funcionando há duas décadas se o homem for realmente daquele jeito...)


A divina comédia - Dante Alighieri (circa 1300)


esse livro, meu deus. ganhei de presente essa edição bilíngue gigantesca já faz uns 5 anos e evitava ao máximo chegar perto dele, porque sabia que seria uma leitura muito difícil, e eu estava certíssima!! eu não tava pronta pra essa leitura e sinceramente acho que nunca na vida eu teria a bagagem necessária pra ler esse troço direito hahaha essa edição tem bastante nota de rodapé pra ajudar no contexto histórico e na parte da mitologia, mas mesmo assim eu tive muito problema pra entender o que tava rolando, me perdi infinitas vezes na história etc. epopeia né, gente, não tinha como ser diferente. mas aos poucos eu fui me acostumando à leitura e foi ficando menos complicado. confesso que só não abandonei pra poder dizer por aí que já li o livro, porque gostar mesmo é um termo muito forte pra empregar aqui hahaha eu levei o mês inteiro lendo e ainda não cheguei no final, mas com muita fé e força de vontade eu chego lá!


A fantástica fábrica de chocolate - Roald Dahl (1964)


antes de tudo preciso dizer que as adaptações pro cinema dos livros desse cara são surreais de fiéis, as cenas são absurdamente parecidas!! eu amo esse filme (as duas versões) e obviamente amei o livrinho também, achei uma delícia de ler e é muito divertido! ♡ lembrando que foi escrito em outra época, então tem coisa ali que é problemática hoje em dia (gordofobia, por exemplo), principalmente considerando que é um livro infanto-juvenil.. então é legal levantar esse tipo de discussão com as crianças caso elas leiam, tem que incentivar o pensamento crítico desde sempre ;)


El principito - Antoine de Saint-Exupéry (1943)


✩ favorito do mês! ✩
esse é um dos livros que eu mais li na minha vida, que agora foi lido em três idiomas diferentes :) meu primeiro livrinho em espanhol não tinha como ser outro, OLHA ESSE NOME QUE COISA MAIS LINDICA!!!! hahahaha gente, o pequeno príncipe né. eu amo, tu amas, impossível não querer dormir abraçadinha com essa história etc e tals. gostei muito da experiência de ler em espanhol, aprendi expressões novas, enfim. fechei o mês com sorrisão no rosto! ♡


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em números, resumão do mês:

 livros terminados 4 x 0 livros abandonados (ainda não terminei a divina comédia, mas não vou abandonar, então já tô botando na conta!)

 literatura brasileira 0 x 4 literatura estrangeira (1 dos eua, 1 da itália, 1 da inglaterra e 1 da frança) ((me dá uma dor no coração quando eu percebo que tô falhando com a literatura nacional...))

 livros lidos no kindle 2 x 2 livros físicos

 autoras mulheres 1 x 3 autores homens

 releituras 1 x 3 livros novos