sábado, 3 de outubro de 2020

a saga do armário de cozinha

quando o consagrado e eu resolvemos nos mudar, a gente só tinha uma tv, um guarda-roupa, uma cômoda, duas escrivaninhas e duas mesinhas de cabeceira (que serviram como nossas mesas pras refeições por um bom tempo, inclusive). ou seja, precisávamos comprar todos os outros móveis e eletrodomésticos. juntamos os nossos dinheiros com uma quantia que ganhamos de presente do pai do boy e começamos a pesquisar nossas futuras compras.

já com a chave do apartamento em mãos, depois de medir os cômodos todos, decidimos mais ou menos onde ficaria cada móvel/eletrodoméstico. a situação financeira não era tão ruim, mas ninguém é besta de gastar dinheiro à toa, pelo amor de deus. então nosso objetivo era encontrar coisas bonitas, de qualidade e que coubessem no bolso. de preferência economizando em alguma coisa menos crítica pra poder gastar mais com outra coisa mais importante :P aí a mãe do boy resolveu dar o armário de cozinha pra gente. a escolha seria nossa, ela só entraria com o dinheiro. SHOW.

procuramos em algumas lojas mais populares e o prazo de entrega era 45 dias úteis. absolutamente inviável ficar essa infinidade de tempo vivendo numa casa sem um armário na cozinha!!! até que achamos um que era um tantinho mais caro, porém: 1) não custava os olhos da cara, 2) era do tamanho que a gente precisava, 3) o prazo de entrega era normal. compramos! chegou em duas semanas, mais ou menos. (e já foi um caos pra organizar as coisas, imagina se tivesse demorado dois meses...)

só que a fábrica do famigerado armário não tem equipe de montagem, eles só entregam e você que se vire pra colocar o seu móvel de pé. já que não conhecemos ninguém da região, conversamos com o zelador do prédio e ele indicou um cara que costuma fazer serviços aqui. pois bem. marcamos pra ele vir numa segunda feira, bem cedinho, torcendo pro barulho da montagem não atrapalhar demais o tal do home office! eis que o homem chegou sozinho, só com uma única chave de fenda e um martelo na mão. sem ajudante, sem caixa de ferramentas, não tinha nem uma parafusadeira. mas quem entende dessas coisas é ele, né? devia saber o que tava fazendo. se o cara precisasse de ajuda pra alguma coisa, o leo tava ali. não que ele pudesse se ausentar muito da frente do computador, mas uns minutinhos longe do trabalho não fariam tão mal assim... :P

o cara começou espalhando as peças pelo chão da cozinha, meio sem critério, só foi colocando tudo visível na frente dele pra poder mexer com mais facilidade. como eu tava com prazo apertado pra uma entrega no trabalho, não vi nada disso ao vivo, mas tava escutando de lá do escritório. daí o moço disse que tinha peça faltando, que a gente precisava ligar na fábrica cobrando essas partes que não haviam sido enviadas. o consagrado respondeu que devia estar na caixa que o cara ainda não tinha terminado de esvaziar. depois de uns 5 minutos de "tá faltando peça" "deve estar ali", o cara resolveu conferir a tal da caixa: tava tudo lá mesmo, só esperando ele olhar. parei de prestar atenção nessa loucura que tava rolando na cozinha e me concentrei no trabalho, mas fiquei com uma sensação esquisita, sentindo que as coisas não iam acabar tão bem.

encurtando a história, depois de duas horas ali e não tendo completado nem três passos do manual, o cara DESISTIU E FOI EMBORA. ele chamou o boy e basicamente falou "foi mal, não vai dar pra mim". e aí ele vazou, deixando tudo espalhado pela cozinha e pelo corredor. a gente não sabia nem como reagir, então obviamente tivemos uma crise de riso. e aí ficamos com aquela encrenca na mão.

o cara era nossa única indicação, não tínhamos pra onde correr. falamos de novo com o zelador e ele não tinha mais ninguém pra sugerir. então o consagrado resolveu que ele mesmo iria encarar essa empreitada. ainda que o manual pra montar o móvel tivesse QUARENTA E CINCO passos pra seguir. ainda que um cara que disse "marcenaria é o meu forte" tivesse desistido de montar. ainda que eu fosse a única pessoa disponível pra ajudar na montagem. ainda que ele só tivesse poucas horas por dia pra se dedicar a essa atividade e que não pudesse fazer barulho depois das 18h. apesar de todos os apesares, ele achou que essa era uma boa ideia. e foi mesmo.

essa brincadeira de montar o armário durou quase uma semana. eu achei tudo muito divertido, mas isso porque eu praticamente não fiz nada. pra mim o manual era impossível de entender (se eu fosse o cara que veio aqui, teria desistido muito mais cedo), então eu basicamente ajudava segurando coisas, apertando uns parafusos, procurando peças, dando apoio moral... mas o boy tava empenhadíssimo. o bichinho sofreu, fez um esforço danado, mas conseguiu: montou um armário de cozinha sozinho! se você perguntar, ele vai dizer que eu ajudei, mas todos sabemos que só o que eu fiz foi ficar ali do lado. no sábado, meu cunhado veio aqui pra ajudar o leo a pregar o armário na parede - e trazer a furadeira, porque não tínhamos uma ainda. mas como essa missão foi concluída com sucesso, é claro que o boy não apenas já comprou uma, como já montou/pregou várias outras coisas. 

esse armário é meu item preferido da casa inteira. é especialzinho demais saber que ele só tá ali, em pé, prontinho, por causa do meu digníssimo. :)

3 comentários:

  1. "eu achei tudo muito divertido, mas isso porque eu praticamente não fiz nada" HAHAHAHAHAAH

    Eu sou vc aqui em casa, o Arthur simplesmente mete a cara pra aprender a fazer tudo, eu apenas dou o apoio moral. Modéstia à parte, sou um excelente segurador de escadas e ferramentas.

    Gritei que o profissional desistiu de montar kkkkkkk Eu também riria de nervoso. Fico desesperado quando os profissionais parecem mais perdidos do que eu. Já me aconteceu situação semelhante com um banheiro que inventei de reformar, mas minha história infelizmente não teve um final tão feliz. Ficou reformado, mas todo mocorongo. Preferia que o pedreiro tivesse desistido kkkkkk

    ResponderExcluir
  2. Meu namorado teria a mesma reação do seu, eu só fico ali do lado confusa, sem saber o que fazer com as minhas mãos, demorando tanto tempo pra achar alguma coisa que no fim tudo já se resolveu e não precisa mais de mim.

    Mas ele insiste que eu ficar ali do lado ajuda, então não sou eu que vou reclamar.

    ResponderExcluir
  3. Eu tava esperando que o armário sofresse uma hecatombe. Das vezes em que precisamos de montador, sempre o da loja, foi um desastre. Um xingou a parede da minha casa, como se fosse culpa nossa. O outro estragou um guarda roupa novinho... O pessoal é muito ruim de serviço.
    Que bom que tudo deu certo aí!

    ResponderExcluir