terça-feira, 30 de março de 2021

livrinhos de março

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Identidade - Nella Larsen (1929)


peguei esse aqui quando ficou gratuito na amazon porque vi pessoas recomendando no twitter e achei a capa muito bonita :D não conhecia, não sabia o que esperar, e foi uma surpresa boa! as personagens principais desse livrinho são duas mulheres negras de pele clara que conseguem se passar por mulheres brancas, mas cada uma delas age de forma diferente quanto a isso. a narrativa gira em torno da relação delas, que é meio conflituosa, e discute principalmente questões de raça e relacionamentos interpessoais. o livro é curto, tem umas 150 páginas mais ou menos, e a história termina de um jeito bemm doido. fiquei curiosa pra saber o que aconteceu depois e daria pra ter uma continuação, mas a achei que a autora encerrou bem a história que se propôs a contar. gostei da leitura! não é nada de tirar o fôlego, mas é tranquilo de ler e a problemática da história é bem significativa. ah, li em português, não no original, e achei a linguagem meio rebuscada demais. imagino que seja pra refletir a escrita da autora nos anos 20, mas de início me causou estranheza. não chega a ser um problema, mas esse registro mais formal me distanciou um pouquinho do texto. fica o aviso aqui :) 


Tempo ao tempo - Olívia Pilar (2017)


conto curtinho sobre duas amigas que se conhecem desde sempre e, quando adultas, se tornam um casal. a história é dividida em episódios, digamos assim, mostrando épocas diferentes da vida delas - desde a infância até os trinta e poucos anos. é uma história fofíssima sobre amor romântico entre duas mulheres, com uma pitada de autodescoberta e uma pincelada na questão da falta de aceitação da família quando alguém se assume. mas tudo termina bem, é daqueles livrinhos pra deixar a gente de coração quentinho. porém contudo entretanto: achei curto demais! hahah imagino que a proposta da autora tenha sido essa mesmo, mostrar cenas específicas da vida delas sem se aprofundar nas discussões nem se estender muito, mas fiquei com a sensação de que faltou coisa. não que a história seja incompleta, não é isso, mas se tivesse umas 10 páginas a mais pra realmente dar mais substância pras cenas talvez já resolvesse. enfim, isso é uma questão minha, talvez não seja um problema pra você. e a história é um amorzinho, então se quiser ler algo rápido e feliz sobre duas mulheres apaixonadas, vai nesse que é sucesso ;)


O jogo da amarelinha - Julio Cortázar (1963)


finalmente li esse aqui, que tá na minha estante desde 2015!! e achei chato demais kkkk a história gira em torno do horácio, um cara meio medíocre que se julga culto e inteligente e que não faz muita coisa da vida. a questão é que a forma de contar essa história é mais importante do que o conteúdo em si, então meio que nada acontece. tem muita discussão ~filosófica~, meia dúzia de ocorrências absurdas envolvendo esse cara e só. além disso, os capítulos são como pedaços de uma colcha de retalhos, nem sempre uma coisa tá realmente vinculada à outra, aí fica difícil pro leitor se envolver... a graça é que o livro foi feito pra ser lido de duas formas diferentes. você pode seguir a ordem normal dos capítulos ou seguir uma outra, que é indicada ao longo da leitura (nesse caso, o livro começa no capítulo 73). segundo o autor, os capítulos essenciais vão até o 56. do 57 pra frente são capítulos prescindíveis, que não é preciso ler caso você tenha optado por seguir a ordem normal. sendo assim, abri mão dos outros sem peso na consciência, porque não gostei da leitura kkkk queria muito ter achado maravilhoso, mas pra mim não rolou. ainda assim, não consigo só falar mal porque a construção da narrativa é incrível! fico feliz por ter lido, mesmo sem ter gostado da experiência. faz sentido isso? hahaha


A garota que bebeu a lua - Kelly Barnhill (2016)

 favorito do mês! 
nada melhor que uma fantasia infantojuvenil pra encher meu coração de amor ♡ resumindo muito, aqui a gente tem a história de uma menina que foi entregue como oferenda pra uma bruxa e acabou sendo enfeitiçada sem querer. enquanto a bruxa precisa controlar o estrago e a menina aprende a lidar com essa magia, ela também descobre coisas sobre a sua origem e sobre o lugar de onde ela vem. quanto à forma, o livro intercala capítulos com pontos de vista diferentes, então a gente vai construindo aos poucos o enredo e entendendo melhor o que acontece naquele universo. ai, gente, eu amei tanto!!! o livro é lindo, tem passagens absurdamente poéticas e as personagens do bem são incríveis! o monstro do charco me conquistou completamente, fico emocionada real só de lembrar hahah mas, apesar de ser essa lindeza toda, tenha em mente que não é um infantojuvenil tranquilinho: é um livro pesado. isso porque a tristeza das personagens é um pedaço bem importante da história, então coisas tristes e dolorosas acontecem sucessivamente. enquanto uma leitora adulta eu me apaixonei de verdade, mas talvez seja muito bad vibes pra uma criança ler kkkk mesmo assim, recomendo DEMAIS! esse livrinho é uma preciosidade 🤧


Praticamente inofensiva - Douglas Adams (1992)


finalmente cheguei no final da série com as capas mais feias da história da literatura mundial!!! peguei esse aqui com um tantinho de medo, porque vi muita gente falando super mal, então a expectativa tava baixíssima. mas não é que eu gostei? :D haha claro que não é excelente que nem o primeiro, e é um pouco mais confuso do que eu gostaria, mas achei divertido! e é bem rapidinho de ler, se você tiver tempo e disposição dá pra ler de uma vez só tranquilamente! nesse aqui alguns personagens já conhecidos dos volumes anteriores se reencontram e vivem coisas absurdas (como sempre), a gente descobre um pouco mais sobre alguns segredos daquele universo, aparece gente nova e completamente doida, tem extraterreste fã de astrologia, tem dimensões paralelas e por aí vai... é bem maluco, como já era de se esperar. gostei bastante dessa série!! se você tiver afim de ler uma ficção científica meio sem pé nem cabeça, cheia de ironia e divertidíssima, vale muito a pena dar uma chance!


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em números, resumão do mês:

 livros terminados 5 x 0 livros abandonados

 literatura brasileira 1 x 4 literatura estrangeira (2 dos eua, 1 da argentina e 1 da inglaterra)

 livros lidos no kindle 3 x 2 livros físicos

 autoras do gênero feminino 3 x 2 autores do gênero masculino

 releituras 0 x 5 livros novos

 ficção 5 x 0 não ficção

sábado, 6 de março de 2021

propagação de fake news ao vivaço

apesar de manter um famigerado blog pessoal pra falar da minha vida desde 2014 e de tuitar todo dia desde 2009, eu sou uma pessoa misteriosa. tanto na internet quanto na vida real, não saio contando nada por aí. 

existe aquele ditado que diz "as pessoas veem as pingas que eu tomo, mas ninguém vê os tombos que eu levo" ou qualquer coisa assim. pois na verdade por aqui ninguém vê é quase nada, nem pinga nem tombo. guardo pra mim e pra pouquíssimos ao redor o que acontece de bom e exponho menos ainda o que acontece de ruim. sou uma jovem low profile.

eis que surgiu uma pandemia, a gente parou de sair de casa* e eu simplesmente perdi a vontade de atualizar o instagram. além da bad vibe absurda que se instalou por aqui vendo esse país entrar em colapso, minha vida de pessoa quarentenada virou um marasmo. não vejo sentido em mostrar nada que não seja minimamente interessante pra alguém. 

só que, mesmo sem me expor muito, numa era pré-covid sempre tinha foto nova por lá. no feed eu postava coisa bonitinha ou significativa, nos stories eu sempre colocava amenidades. compartilhava post alheio, mostrava o livro da vez, tinha foto do céu toda semana, postava umas selfies de vez em quando pra aproveitar os momentos de autoestima boa... essas coisas. porém de março a dezembro de 2020 eu só postei 6 fotos no feed. de março a maio eu continuei usando os stories, mas em junho entrei numa espiral de tristeza e, daí até dezembro, só postei 11. em 2021 só postei 3 stories. sabe? são números irrisórios até pra mim, que já me controlo bem. (mas continuo usando a rede social, não parei de entrar lá só porque parei de atualizar. a real é que eu amo saber da vida dos outros, mas não dou material pra ninguém saber da minha... :P)

dito isso, vamos ao causo do dia.

ano passado minha cunhada engravidou e catarina nasceu agora, no começo de janeiro. fomos conhecer a mais nova integrante da família quando ela fez um mês. depois de uns dias, postei uma foto com o boy e a nenê nos stories. escrevi algo genérico, tipo "1 mês de catarina ♡" ou algo parecido. se você não fosse da família, não saberia quem é a criança. mas convenhamos que isso é o de menos, o que importa mesmo é que ver uma coisica cor de rosa e incrivelmente linda traz uns segundos de paz pro coração de quem deu azar de nascer justo no brasil, né? daí recebi umas reações de coração, os familiares comentaram, tudo dentro dos conformes de quando a gente posta coisa bonitinha nas redes.

eis que essa semana, um tempão depois do post, meu pai me contou que, naquele dia de manhã, ele viveu um momento impactante no elevador do prédio onde mora. segue o diálogo entre papai e um vizinho que me segue no instagram (e que eu nem sigo de volta porque não tem proximidade comigo, veja bem):


o vizinho: "e aí, posso te dar parabéns por ser vovô?"

papai: "oi? não sei do que você tá falando..." (já quase tendo um ataque cardíaco, num misto de surpresa e ansiedade, porque o véio quer ser avô mesmo)

o vizinho: "é que a paula postou uma foto com o namorado e uma criança..."

papai: "ahhhh, não, é sobrinha deles!!!"


daí chegaram na garagem e a conversa morreu aí. os dois riram muito, porém meu pai quase morreu de susto. imagina descobrir assim, por meio de um vizinho aleatório, que você vai ter um neto. gente do céu.

o ponto aqui é: pra sair falando isso pro meu pai sem mais nem menos, esse cara e a família dele deviam ter certeza absoluta que eu era uma das mais novas mães em tempos de covid. e já deviam até ter espalhado a notícia falsa pra outros conhecidos, porque a fofoca é o que faz uma comunidade continuar funcionando bem.

agora pensa na situação do vizinho curioso vendo isso... passei o ano todo praticamente sem dar as caras por lá, um tempo atrás postei no feed falando que tava morando com o boy há 6 meses e de repente surge uma foto nossa com uma nenê, sendo que eu não marquei o @ dos pais da criança. então só podia ser minha, é óbvio!!! mesmo sem ter dado nenhum indício de que tinha engravidado, mesmo sem minha mãe ter colocado uma mísera foto (ela posta quase todo dia no instagram e no facebook).

e com essa história fica o aprendizado, crianças: quando você não fala nada, as pessoas falam por você.  ¯\_(ツ)_/¯


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* se você aí que tá lendo isso continua vivendo sua vida normal dando rolê pra cima e pra baixo: faz o favor de sair daqui, não lhe quero.