sábado, 26 de julho de 2014

assusta, mas encanta

o ser humano é uma coisa louca. todo mundo é presumidamente tão igual, mas ao mesmo tempo tão completamente diferente. cada um é único, cada um tem as suas próprias particularidades, cada um consegue ser a exceção em determinado aspecto.  e, ainda assim, todo mundo é capaz de se identificar com outro alguém - ou outros vários alguens - em infinitos pontos. 
por sermos seres pensantes, é incrível a quantidade de coisas maravilhosas que a gente consegue realizar. e, por esse mesmo motivo, é bizarro pensar na quantidade de destruição que a gente presencia por aí. a galera se deixa contaminar por um ódio cego e sai disseminando cada vez mais a discórdia, a guerra, a injustiça, a falta de amor (próprio e pelo próximo)... 

mas deixando tudo isso de lado e olhando só a parte boa, o ser humano é apaixonante! trazemos em nós tudo aquilos que somos, aquilo que fazemos, aquilo que gostamos, aquilo pelo qual passamos. estejam essas coisas estampadas no nosso corpo ou escondidas no nosso interior. 
cicatrizes, tatuagens, rugas, cabelos brancos, olhos tristes, sorrisos largos. trejeitos, tiques nervosos, vícios de linguagem, gestos inconscientes. uma pessoa é composta por tudo isso e muito, muito, muito mais. somos um emaranhado de sentimentos malucos e conflitantes que podem transbordar, mas que também podem viver aprisionados sem que ninguém perceba que nós estamos sentindo tais coisas. somos um contraste ambulante. vivemos mudando de opinião e de aparência. podemos ser vários em um só.

eu amo os detalhes que formam uma pessoa. os contornos do rosto dela, a maneira como as unhas dela são cuidadas (ou totalmente desleixadas), se ela fala com você te olhando nos olhos ou olhando pro que há em volta, se ela sorri mostrando os dentes ou não, a forma como ela cruza os braços, se ela consegue manter o foco em um único assunto ou se fica se interrompendo pra falar de outras coisas... tudo isso é tão importante! mesmo que pra maioria das pessoas isso não tenha relevância. é tão mais interessante reparar nesse tipo de coisa em vez de ficar procurando os supostos "defeitos" alheios. e daí se a pessoa tá acima do peso pré estabelecido pela mídia como o ideal? e daí se o cabelo dela não tá do jeito que você gosta? e daí se aquela roupa não é o que você considera como adequado? nada disso deveria receber tamanha atenção. nada disso deveria ser motivo pra alvoroço e crítica.

apesar de me assustar cada dia mais com o grau de maldade e de loucura que existe por aí, eu também me encanto cada dia mais com a beleza que existe dentro e fora de cada um de nós. torço muito pra que um dia a humanidade consiga se consertar e aí, quem sabe, o lado bom de todo mundo vai ser bem maior do que o ruim. 

quinta-feira, 24 de julho de 2014

no final das contas, sempre vale a pena

Certo dia, em uma terça-feira qualquer, Gustavo saiu de casa pra comprar pão. Não porque estivesse com fome, ou com vontade de ir. Simplesmente porque era isso que ele fazia todas as tardes. Há alguns anos sua mãe havia lhe designado essa função e, desde então, Gustavo faz isso sem pestanejar ou pensar a respeito. 
Todos os dias, no mesmo horário, o garoto pegava a mesma quantidade de dinheiro e se encaminhava pra mesma padaria, localizada na esquina de sua rua. Em questão de doze minutos ele já estava de volta à sua casa, colocando as compras sobre a mesa da sala, onde seria servido o café da tarde dentro de alguns instantes.

Especificamente nessa terça-feira qualquer, a rotina de Gustavo se modificou. Ao se aproximar da habitual padaria, ele se deparou com os portões fechados. Por cerca de dois segundos, ele ficou sem reação. "Como assim eles fecharam sem me avisar?", pensou o garoto. Então ele se deu conta de que havia um discreto cartaz colado na porta que deveria estar aberta. Andou em direção ao papel e leu a seguinte explicação: "ESTAMOS DE LUTO. Reabriremos normalmente amanhã". Gustavo sentiu-se envergonhado, já que se irritara por algo tão bobo enquanto aquelas pessoas haviam perdido algum ente querido. 

O menino lembrou-se da outra padaria mais próxima dali e sentiu um certo desconforto quando percebeu que demoraria pelo menos vinte minutos para chegar lá. Gustavo respirou fundo, conteve seus pensamentos raivosos e começou a caminhar rapidamente. Se ele se atrasasse demais, sua mãe ficaria preocupada. Apesar de sua tentativa de não se incomodar com a situação, o garoto não conseguia parar de reclamar. "Todos os dias eu faço a mesma coisa, nada nunca muda. Por que justo hoje as coisas saíram do controle? Eu sei, os donos da padaria estão passando por uma situação delicada, eu não deveria estar reclamando disso, é só uma caminhada a mais (...)".

Envolto em seus pensamentos, ele nem viu o tempo passar. Quando se deu conta, a padaria estava há apenas uma faixa de pedestres de distância de Gustavo. Ele se dirigiu à ela, entrou no estabelecimento e, pra sua surpresa, deu de cara com Camila, uma antiga colega de classe por quem ele fora secretamente apaixonado durante um ano inteiro. Um instante se passou e então a menina abriu um largo sorriso. Os olhos de Gustavo se iluminaram quando ele percebeu que ela ainda se lembrava dele. Os dois se cumprimentaram e conversaram rapidamente. Nesse meio tempo, ele descobriu que Camila também comprava pão para sua mãe todos os dias, no mesmo horário e na mesma padaria, assim como ele. Essa simples coincidência fez com que o garoto se sentisse estranhamente feliz. 

Camila se despediu de Gustavo - ela já estava de saída quando ele chegou. Após um rápido beijo na bochecha (que fez com que ele ficasse vermelho como um tomate), ela disse :
- Nos vemos amanhã? Gostei de te reencontrar! 
- É claro que sim! respondeu ele, sem conseguir conter seu misto de felicidade e surpresa.

Ainda com um ar sonhador estampado em seu rosto, Gustavo fez suas compras e voltou pra casa. No meio do caminho, tudo o que conseguia pensar era em como havia sido injusto com o Universo aquele dia. "Eu reclamando de ter que andar demais quando, na verdade, o motivo disso tudo foi a Camila. Ah, se eu soubesse!". Ao passar em frente a padaria de sua rua, com as portas fechadas, ele disse baixinho:
- Desculpa, gente, mas é impossível competir com uma padaria que me faz ver a menina mais bonita do mundo. Não vai dar mais pra eu comprar meus pães aqui...
E então ele continuou andando até em casa, chegando a conclusão de que nem tudo que sai do nosso planejamento é uma coisa ruim. Às vezes a coisa é boa até demais. 

segunda-feira, 14 de julho de 2014

the lord is testing me

às vezes acontecem umas coisas que não parecem reais. eu fico até procurando as câmeras e aguardando alguém aparecer pra me dizer "olha ali o cinegrafista, é pegadinha, relaxa". infelizmente ninguém aparece e eu sou obrigada a admitir que minha vida poderia muito bem ser um daqueles filmes ruins que a gente assiste e depois se arrepende das 2-3h perdidas em frente à tela...
ainda bem que eu aprendi a lidar (mais ou menos) com esse tipo de maluquice. ignoro uns 90% do que poderia me fazer mal. quanto ao resto - os malditos 10% que chegam a me atingir - eu jogo rapidinho num lugar bem famoso chamado lixeira. não vale a pena, não me importa, não há motivos pra guardar dentro de mim. 
aí eu finjo que não aconteceu, que tudo continua exatamente como estava e minha felicidade não se abala. :)


quem é vivo
sempre aparece
no momento errado
para dizer presente
onde não foi chamado
Paulo Leminski

terça-feira, 1 de julho de 2014

1 ano sem Canadá

só hoje eu percebi que dia 26 de junho fez 1 ano que eu entrei num avião e fui passar 3 meses morando numa republica em outro país acompanhada de uma das minhas melhores amigas. eu não sei como explicar de outra forma, então vou sintetizar na seguinte frase: essa foi a experiência mais sensacional da minha vida até então! :)

perdi um pouco da vergonha de falar com os outros (já que eu não tinha outra opção), melhorei o meu inglês, criei mais responsabilidade, fiz amigos de diversos países do mundo - desde o brasil até o japão, comi várias coisas gostosas e, principalmente, cresci muito como pessoa. passei a respeitar e a entender melhor as diferenças e os costumes das pessoas que agem e pensam diferente de mim, passei a dar mais valor pros meus pais e pro esforço que eles fazem pra que tudo dê sempre certo e passei a enxergar que o planeta Terra é imenso e bonito demais pra que eu me contente em viver sempre em um único lugar.

tô morrendo de saudade de Toronto, da minha casinha no porão do prédio, do meu professor engraçadíssimo, dos meus amigos, dos malucos sem noção da vida que moram naquele país, da segurança que eu tinha em andar sozinha na rua escura, do cinema de 5 dólares do ladinho de casa... 

eu ainda volto pra esse lugar. pra recordar "ao vivo" todas as minhas memórias que ainda estão fresquinhas na minha cabeça e pra viver mais várias outras histórias, já que quando eu fui eu era considerada menor de idade por lá e não podia entrar nos night clubs :P hahaha

melhor landscape <3 :')

casa loma + toronto island + niagara falls 

baseball game + cn tower