segunda-feira, 30 de novembro de 2020

livrinhos de novembro

   pra acompanhar os posts anteriores, é só clicar aqui 😄



◇ ◇ ◇


Os registros estelares de uma notável odisseia espacial - Becky Chambers (2018)


3° volume da série wayfarers, uma ficção científica lindíssima que eu amo do fundo do coração (falei do 1° aqui e do 2° aqui). esse é contado por meio de episódios da vida de uns cinco humanos, cada um com uma vivência diferente, mostrando como está atualmente a vida dos descendentes daqueles que deixaram a terra pra desbravar o espaço tantos anos antes. dá pra dizer que esse trata, principalmente, a respeito de tradição, morte e renovação. me emocionei bastante com a leitura, me envolvi com as personagens (como sempre, o ponto alto desses livros!), mas achei menos interessante que os anteriores. como o foco tá só nos humanos, não nos outros alienígenas, foi mais sentimental do que instigante, digamos assim. então esse foi o que eu menos amei, ainda que tenha gostado muito!! ah, um aviso: em alguns momentos tem linguagem neutra, "ili" em vez de "ele/ela" e coisas do tipo. se você é um cristal sensível que fica mordido com isso, vai ler outras coisas, essa série não foi feita pra você ;) o quarto e último livro da série tá pra sair nos eua começo do ano que vem, já tô contando os segundos!!! ♡♡♡


Independência ou mortos - Abu Fobiya e Harald Stricker (2012)


das vantagens de morar junto: pegar livro da estante do boy! :) esse quadrinho é um reconto da história do brasil. na medida do possível, o enredo segue o que realmente aconteceu, a diferença é que aqui tem uma infestação zumbi HAHAHA a ideia é bizarra, mas a história é divertida. começa com a família real saindo de portugal e termina depois da proclamação da independência. dom pedro é um heroizão, leopoldina pega em armas pra matar zumbi... é uma doideira. achei legal o reconto! se você gosta dessas coisas, vai que vai. porém senti falta de cores!! os quadrinhos são muito detalhados, achei que deixar em preto e branco não fez jus a tudo o que as imagens poderiam ter sido. mas o que mais me incomodou é que achei os desenhos desnecessariamente machistas. rola uma hipersexualização do corpo feminino tão doida que até zumbi mulher fica com peitão, pelo amor de santo cristo. mas é o público, né? pra agradar os nerd virjão mesmo. resumindo: gostei da história, mas as ilustrações me incomodaram.


Sempre estive aqui - Amanda Or (2019)


esse aqui, na verdade, é da maria freitas. amanda or é a escritora/narradora desse livro, que também faz parte do enredo. amanda narra a história do romance entre a karin, que é a ex namorada dela, e um cara. a princípio é meio confusa essa coisa da narradora-personagem, porque não fica explícito desde o início e algumas coisas só vão realmente se explicar no finalzinho do livro, com um plot twist que me deixou assim: 🤯 eu não tava esperando aquilo, terminei de ler com o olho arregalado kkkk apesar de lidar com temas pesados (violência doméstica, racismo, homofobia e feminicídio), o livro é relativamente leve, tem referências à cultura pop e umas cenas "engraçadinhas" (o cara é fã de chaves e eles vão pra acapulco, pelo amor de diós, a breguice!). mas o final é soco no estômago mesmo, be aware. o livro não é incrível, mas eu gostei. foi uma leitura gostosinha, li bem rápido. dá pra dizer que é uma história que fala sobre o amor, com uma pitada de coisas ruins pra gente não esquecer da realidade. a maria disponibiliza o pdf pra baixar, se alguém tiver interesse!  


Racismo e fascismo & O corpo escravizado e o corpo negro - Toni Morrison (2020)


a companhia das letras disponibilizou por tempo limitado esses dois ensaios da toni pra download, que, como os próprios títulos indicam, são reflexões bem fortes. em um deles ela aborda a escravidão, a falta de memórias sobre os escravizados e o racismo que continua perpetuando a violência contra os negros. no outro, ela aponta a forma como o fascismo atua por meio do medo e da demonização do outro, independentemente de partido político. são textos bem curtos que dão margem pra uma discussão enorme, é pra deixar o leitor com vontade de comprar os livros dela mesmo. aliás, eu queria ler tudo dessa mulher. já disse antes e repito que "beloved" é possivelmente o melhor livro que eu já li na vida, mas é tudo caro demais. tem ebook de 40 reais, sabe, sem condição... então, se eu fosse você, não perderia a oportunidade de ler! corre na amazon pra ver se ainda tá disponível!!!  


Por que eu não converso mais com pessoas brancas sobre raça - Reni Eddo-Lodge (2017)


também peguei de graça na amazon uns meses atrás. como os textos da toni serviram só de introdução, escolhi esse pra continuar no tema! a autora é britânica, então aqui a gente vê o racismo por uma perspectiva diferente - eu, pelo menos, tô muito mais acostumada a encontrar conteúdo sobre o racismo nos eua, que tem um cenário completamente diferente. o livro é muito bom! a autora fala do processo de reconhecimento dela enquanto negra na inglaterra, comenta casos históricos de racismo por lá, discute o racismo que permeia as estruturas de poder, questiona o feminismo branco e aborda questões de classe, é bem completo! mas agora falando enquanto profissional que trabalha com tradução: se você consegue ler em inglês, investe na leitura desse aqui no original. não gostei da tradução e também achei que faltou cuidado com a revisão :( não consegui aproveitar 100% a leitura porque fiquei prestando atenção nessas coisas.. mas o conteúdo continua importantíssimo!! vale demais enquanto reflexão na caminhada pra ser cada vez mais antirracista. e tem um texto da gabi, que eu amo, então fiquei feliz :D 


Leve-me com você - Catherine Ryan Hyde (2014)


✩ favorito do mês! ✩
pelo amor de deus que coisa mais bonita esse livro!!! tanto a história quanto a edição sensacional da darkside, é lindo do começo ao fim. resumindo muito sem dar spoilers: um alcóolatra em recuperação que perdeu o filho recentemente acaba indo viajar de motor home com duas crianças que ele conhece de repente e a vida de todo mundo muda por causa disso. é de encher o coração da gente ♡ os três viajam por vários parques nacionais e a autora descreve um monte de cenário bonito, mas tive um pouco de dificuldade pra visualizar porque não conheço muito das paisagens norte-americanas, então recorri ao google pra me ajudar nessa parte hehe a relação que nasce entre esse cara e as crianças é uma coisa muito preciosa, derrubei lagriminhas em alguns momentos. o livro trata da questão do alcoolismo, de dramas familiares, relações interpessoais, medos, superação, amor... terminei triste porque não queria que acabasse. recomendo demais!! queria que tivesse um filme baseado nessa história!!!
 

◇ ◇ ◇


em números, resumão do mês:

 livros terminados 6 x 0 livros abandonados

 literatura brasileira 2 x 4 literatura estrangeira (3 dos eua e 1 da inglaterra)

 livros lidos no kindle 3 x 3 livros físicos

 autoras mulheres 5 x 2 autores homens (1 livrinho com 2 autores do gênero masculino)

 releituras 0 x 6 livros novos

sábado, 21 de novembro de 2020

a boa filha a casa torna

 4. escreva sobre sua família.


desde que eu passei a morar com o boy, no comecinho de agosto, eu só fui pra casa dos meus pais uma vez, no dia dos pais.

eles vieram aqui visitar a gente umas três vezes nesse meio tempo, mas o inverso é mais complicado. não temos carro e não faz muito sentido pra mim pegar metrô e trem no meio de uma pandemia sendo que eles vêm até aqui de bom grado, sabe? ainda mais considerando que a linha rubi, também conhecida como a pior linha de trem da cidade de sp, é tão insalubre que, possivelmente, foi lá onde o coronavírus nasceu...

até que chegou o dia da eleição e eu não pude mais fugir, precisei encarar mais essa aventura correndo riscos sanitários. nós ainda votamos lá por aqueles lados, bem pertinho de onde nossos pais moram, então foi a oportunidade perfeita pra apertar o número 50 na urna e visitar a família.

fomos pra lá no sábado no fim da tarde e já fizemos o serviço completo: jantamos com os pais do namorado, depois fomos dormir nos meus pais.

chegamos tarde lá em casa, já era umas 23h. pensei que meu pai estivesse dormindo (ele é desses que acorda 5 da manhã sem necessidade alguma e às 20h já tá cochilando enquanto finge que tá vendo o jornal), mas o bichinho tava lá, firme e forte, acordadaço esperando a gente chegar. inclusive usando roupa normal, e não pijama, porque era uma ocasião especial e ele tinha que estar vestido de forma decente. vê se eu aguento isso? kkkk

minha mãe é muito carinhosa, não perde a oportunidade de dizer que ama e de encostar na gente. ela gosta de abraço, de beijo, de deitar junto pra ver tv ou conversar. então com ela é tudo mais fácil: diz sem problema algum que tá com saudade, chora quando revê e me recebe de pijama, porque não faz sentido ficar de outra forma no sofá de casa me esperando tão tarde da noite. já o meu pai não é desses que demonstra afeto de um jeito tão claro. ele faz o que for por você, não mede esforços jamais, mas não é do time que encosta muito ou que diz abertamente o que sente. 

porém todas as vezes que a gente se encontrou desde agosto, ele me abraçou forte de um jeito que nunca tinha feito antes. papai só dava abraços em dias importantes: aniversário, natal, formatura... não num dia qualquer. agora, todo reencontro é especial. tão especial que ele, que tinha mesmo acordado 5h da manhã, dormiu de tarde só pra conseguir ficar acordado até mais tarde com a gente.

aliás, ficamos todos conversando até depois das 2 da manhã. a saudade faz coisas impressionantes.

no dia seguinte, meus pais (que foram votar de manhãzinha, numa escola que fica literalmente do outro lado da rua!) nos agraciaram com uma mesa de café da manhã de hotel. isso porque tomar café junto, principalmente de domingo de manhã, era uma das nossas tradições familiares. sentávamos à mesa do café umas 9 e pouco e ficávamos, de preferência, até perto do meio dia, comendo bem devagar. quer dizer... quem chegava essa hora era eu e minha mãe, né. meu pai já tinha tomado café há tempos, mas continuava ali com a gente, fazendo companhia e beliscando uma coisa ou outra (até porque, se você come um pão com manteiga às 6h, às 10h já tá na hora de comer de novo). a gente comentava o que tivesse passando na tv e falava sobre bobagem e assunto sério, tudo ao mesmo tempo. nos nossos cafés de domingo tinha desde discussão filosófica e política até história engraçada de fazer chorar de rir. a família é eclética, se a gente tá junto não tem tempo ruim.

semana que vem, no segundo turno da votação, o reencontro vai ter um charme a mais: meu irmão também estará presente. ele mora em outro estado, a última vez que a gente se encontrou esse ano foi em janeiro. meus pais tinham marcado de ir na casa dele em março, mas a pandemia aconteceu e os planos foram todos por água abaixo. agora, quase um ano inteiro depois, nós quatro estaremos novamente sentados juntos ao redor da mesa.

imagina se meus pais já não tão contando os segundos igual criança em véspera de excursão na escola... ♡


_______________

pra ler os posts anteriores do desafio dos 30 dias, clica aqui!

(kkkkkkk não sei nem se eu posso continuar chamando de desafio, sendo que tô cumprindo assim, sem nem 01 pingo de vergonha na cara... mas é o que temos pra hoje ¯\_(ツ)_/¯)

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

escritório, o retorno

desde que o brasil parou por causa da pandemia e a empresa onde eu trabalho decretou sistema de home office pra todo mundo, lá na metade de março, eu não tinha mais andado de transporte público. sequer sabia onde tava meu bilhete único, já que não existia a menor possibilidade de eu entrar num ônibus com janela que não abre no meio de uma crise sanitária. 

além disso, também fazia sete meses que eu não tinha contato direto, pessoalmente, por horas seguidas, com nenhum outro ser humano que não fosse da minha família. o máximo de interação que eu tive com as pessoas nesse tempo foi dar bom dia, boa tarde e boa noite pros porteiros, pros caixas do mercado, pros entregadores...

mas essa realidade mudou agora no fim de outubro, quando tive que trabalhar presencialmente no escritório da empresa por uma semana.

alguns setores saíram do home office lá em julho, num sistema de rodízio, com as pessoas indo só alguns dias da semana. mas minha equipe continuava firme e forte no trabalho remoto. inclusive ficou combinado que o meu setor seria o último a voltar de vez, só quando não houvesse mais nenhum tipo de restrição do governo. 

até que a empresa resolveu contratar estagiários e os planos mudaram um tantinho.

foi decidido que três tradutoras, eu inclusa, teriam um estagiário pra ajudar, pra trabalhar juntinho e dar o suporte necessário quando a carga de trabalho ultrapassasse limites normais - o que acontece com uma frequência mais alta do que seria considerado saudável, já que tem dia que o meu namorado precisa me lembrar de parar de trabalhar pra ir ao banheiro ou beber água. enfim.

nós participamos do processo seletivo dessas pessoinhas e, então, também ficamos responsáveis pelo treinamento delas. considerando a complexidade do trabalho e a quantidade de coisa que precisaríamos ensinar, seria absolutamente inviável fazer esse treinamento estilo ead. pra dar certo e evitar os erros do passado (quando os estagiários não tinham a preparação adequada e, obviamente, não davam conta do trabalho), foi decidido que nós três, agraciadas com a ajuda extra das estagiárias, nos revezaríamos indo até a empresa pra conduzir pessoalmente esse período de capacitação.

fiquei um pouco desesperada quando soube que precisaria ir. a ideia de encarar o metrô no meio da pandemia e passar oito horas por dia dividindo meu espaço com outras pessoas me deixou de estômago revirado. sem contar que eu mal sei direito o que tô fazendo no trabalho, vivo pedindo ajuda, imagina treinar uma pessoa do zero, pelo amor de deus!!! mas ninguém me perguntou se eu tava de acordo, simplesmente fui avisada que o esquema seria esse e ponto final. é claro que não sou doida e aprecio demais minha carteira assinada pois tenho contas a pagar, então eu teria falado sim de qualquer forma...

quando chegou o dia, engoli o pavor, respirei fundo embaixo da máscara e só fui. acho mais fácil lidar com essas coisas como se eu não tivesse escolha.

agora meu caminho de casa até o trabalho consiste em andar 1 km numa subida íngreme e desnivelada, pegar o metrô e descer dali duas estações. se tudo correr bem, em menos de 30 min tô batendo o ponto no escritório. tirando o coração descompassado de nervoso, a única coisa que atrapalhou meu percurso foi o fato de que meu pé torcido ainda não tá 100%. e em alguns dias choveu. mas os cinco minutos dentro do vagão não foram o suficiente pra atacar a ansiedade e eu cismar que peguei covid, então menos mal.

chegando no escritório, eu descobri que, por incrível que pareça, eu tava com saudade de trabalhar com pessoas ao meu redor. mesmo que o barulho desconcentre e eu produza mais estando na minha casa, é uma sensação gostosa se sentir parte da equipe de verdade. as coisas fluem mais fácil quando você pode simplesmente encostar na mesa de alguém pra tirar uma dúvida, sem precisar fazer chamada de vídeo ou mandar 15 mensagens até tudo se esclarecer. e não me senti tão sufocada quanto pensei que me sentiria, porque só tinha eu na minha área, então o distanciamento foi cumprido com sucesso.

quanto ao treinamento, finalmente conheci as estagiárias pessoalmente. três bonitinhas, quero ser amiga de todas! :) meus métodos não são os mais ortodoxos, ensino tudo no freestyle, nem sempre consigo seguir o que planejei, mas foi bom demais relembrar meus tempos de teacher. me sinto realizada de verdade quando percebo que consegui passar o conhecimento pra frente e que a pessoa instruída se sente à vontade o suficiente pra me abordar e tirar dúvidas, mostrar o trabalho, questionar. e me sinto mais realizada ainda de saber que tô evitando repetir os erros cometidos durante o meu treinamento. nada de deixar a pessoa nova no escuro, sem ter fonte pra consultar, sem ter espaço pra pedir ajuda. minha missão pessoal nessa empresa é, além de fazer um bom trabalho, tornar o ambiente mais acolhedor. às vezes acho que minha contribuição maior é essa, inclusive.

na semana do dia 16 vou ter que ir de novo. dessa vez, com menos frio no estômago e um pouco mais feliz: a gente vai ter o feriado do dia 20 de novembro, minha semana por lá será mais curta 🥳