sábado, 6 de janeiro de 2018

laranja, amarelo e azul

2018 começou do jeito que eu menos gosto, mas que eu mais preciso: me lembrando que a vida é um troço maluco, incontrolável e sem explicação. levei um choque de realidade e, infelizmente, a bolha em volta de mim estourou. aquela bolha que me dava uma sensação falsa de segurança, que me colocava numa posição diferenciada, especial. percebi que eu não tenho nada de diferente, nada que me dê uma garantia extra. tô aqui como qualquer outro, suscetível a tudo como qualquer outro. e isso me deixa doida.


anteontem, quando vi esse pôr do sol incrível de tão bonito, minha cabeça tava fervilhando de coisas. eu queria escrever, queria tirar de mim esse monte de dúvida que tava me cercando. hoje, muitas horas depois, já bem mais calma, eu perdi o pique. é que eu funciono melhor quando tô inflamada, ou pelo menos minhas ideias fluem melhor. porque eu racionalizo menos. se eu começo a pensar demais, parece que eu fico travada. o que pega mesmo é que eu tenho medo de tudo que eu não entendo, de tudo que tá além da minha capacidade de raciocinar. e isso afeta desde a minha produção escrita até todo o resto, pra ser bem sincera. então eu não vou mais falar sobre o que eu queria, não vou mais tentar passar pro papel o que eu tava sentindo e pensando. vou deixar tudo isso guardadinho aqui pra uma próxima oportunidade, talvez. e vou falar de outra coisa, algo mais fácil, que me exige menos esforço. 


pôr do sol é um dos fenômenos da natureza (ou sei lá como a gente chama esse tipo de coisa) que eu mais amo. enche os olhos, enche a alma. é lindo, encanta, dá vontade de fazer durar por uma eternidade no céu. sabe quando o pequeno príncipe fala que tava num planetinha tão pequeno que viu o sol se pondo quarenta e três vezes no mesmo dia? que delícia que deve ter sido isso. sempre que eu vejo essa mistura de cores, eu agradeço. por estar aqui por mais um dia, por tudo o que eu tenho, por tudo o que eu ainda vou ter. e o que eu acho mais incrível é que o pôr do sol me faz sentir em paz. normalmente a natureza me assusta, a imensidão do universo me assusta, a força de tudo o que vai além do ser humano me assusta. mas as cores no céu quando o sol tá indo embora me deixam mais calma, elas me mostram que tá tudo bem. é como se fosse um dos únicos momentos do dia em que eu me reconcilio com o fato de a vida ser indomável, eu acho. é meio forte falar isso, talvez eu esteja exagerando, mas é a sensação que me dá.  


não sei de onde eu vim, não sei pra onde eu vou, não sei quanto tempo eu ainda tenho aqui. a única coisa que eu sei é que, se eu pudesse, eu também contemplaria o sol se pondo mais de quarenta vezes no mesmo dia.