eu pensei em falar sobre um deles, mas eu não conseguiria deixar de falar sobre o outro também. e por mais que eu pudesse dividir o texto em dois e falar de cada um em posts separados, a coisa perderia o sentido. a graça eram eles dois juntos. nós três juntos. e nada mais justo do que eu preservar isso aqui, relembrando dois dos meus colegas de classe mais especiais da vida.
no intercâmbio, eu tinha uma aula extra depois do almoço. era sobre pronuncia, pra ajudar os alunos estrangeiros a melhorar no inglês e perder um pouquinho dos sotaques. no meu primeiro dia de aula, me senti perdida e morri de vergonha. mas o professor era incrível, deixava todo mundo super à vontade e, pra fazer com que os alunos interagissem e conversassem entre si, ele passava várias atividades em duplas ou em grupos. pra minha sorte, minha primeira dupla foi o patrick. alemão, tímido, quietinho, com a maior cara de filhinho da mamãe. pra minha surpresa, aquele cara com rosto de adolescente tinha 28 anos. e ele se assustou tanto quanto eu ao descobrir que eu "só" tinha 18. inacreditavelmente, a gente se deu bem. e nos tornamos quase uma dupla permanente nessas aulas, sempre fazendo os exercícios juntos. e eu, com esse jeito bobo, morria de rir o tempo inteiro. acho que ele nunca entendeu direito o que me provocava tantos risos (nem eu sei, pra ser sincera), mas ele ria comigo - ou de mim - na maioria das vezes.
dois meses se passaram, as aulas já eram ministradas por outra professora (dez vezes pior que o anterior, diga-se de passagem), mas eu e o patrick continuávamos juntos na classe. e nesse meio tempo, uma quantidade infinita de alunos diferentes entrou e saiu por aquela porta. até que, de repente, eu me vi fazendo amizade com um cara incrível. que, coincidentemente - ou não! -, era amigo do patrick. esse cara, o simone (jamais aprendi a pronunciar o nome dele da maneira correta), é um italiano de vários metros de altura, absolutamente simpático e falante, que na verdade tem cara de árabe. falou comigo a primeira vez pra me ensinar a jogar um jogo de tabuleiro, enquanto o patrick me zuava por eu não entender o funcionamento do negócio. o simone chegou nessa aula pra abalar a dupla inabalável, já que ele foi o meu par nos exercícios diversas vezes desde então. quando eu descobri que ele já tinha 27, não me surpreendi tanto assim. e acho que ele também não achou esquisito o fato de eu ter quase dez anos a menos, porque minha tiara de lacinhos já me denunciava.
não tenho nenhuma foto com o patrick, mas são três meses de recordações da cor vermelho-tomate que o rosto dele ficava a cada vez que eu fazia alguma piada ou gargalhava fora de hora. já com o simone eu tenho uma foto linda, pra compensar a menor quantidade de tempo que passamos juntos (o que não faz com que eu tenha menos memórias especiais, muito pelo contrário). morro de saudades deles dois, das brincadeiras, das trocas de olhares quando a professora passava atividades ruins que ninguém queria fazer, das vezes em que o patrick me falava pra parar de rir e que o simone ria ainda mais junto comigo... não me esqueci que nosso tchau foi um até logo, não um adeus. sinto uma vontade tremenda de um dia poder revê-los, juntos mais uma vez, em algum lugar tão incrível quanto toronto.
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