dia desses minha amiga bia postou no twitter sobre um desafio de escrita (tá nos destaques!) que ela ia encarar. quem tá por aqui há tempos talvez se lembre que lá nos longínquos anos de 2015 e 2016 eu participei do BEDA (blog everyday in august), postando todos os dias do mês de agosto durante dois anos seguidos. em 2015 foi divertido, mas em 2016 foi tão sofrido que eu prometi nunca mais cair nessa cilada outra vez. e aqui estamos nós... querendo beber da água que eu disse que nunca mais beberia. vou jogar mais essa pra conta da quarentena!
mas dessa vez a coisa vai ser diferente, porque em 2020 quem manda no desafio sou eu. tô rebelde, não quero saber de seguir regras. vou fazer do meu jeitinho, TENTANDO seguir pelo menos a ordem dos temas propostos sem pular nenhum, mas vou postar na frequência que eu bem entender. e não necessariamente vou escrever sobre a minha vida, quero usar o tema como fonte de inspiração só. pode ser que venha um relato autobiográfico, mas pode ser que venha um conto de ficção, vai saber! ah, também vou desistir sem medo de ser feliz quando eu não tiver mais afim, porque não sou obrigada a nada. dito isso, vamos lá! :)
✽✽✽
1. escreva sobre o seu primeiro amor.
já fazia 6 anos que aline e rafael moravam no mesmo condomínio, o village das andorinhas, a poucas casas de distância um do outro.
com muito esforço, os pais de rafinha conseguiram comprar o sobrado de número 52 antes mesmo de ele nascer. quando rafael tinha nove anos, aline mudou-se para o village. ele a viu pela primeira vez numa quarta-feira à tarde. em frente ao sobrado 48, havia um casal de adultos e uma menina baixinha, usando vestido roxo e tênis laranja. ele ficou curioso - será que aquela família se mudaria para lá? suzy, a mãe de rafael, acenou para os novos vizinhos. ele também sorriu e acenou, mas a menina era tímida: escondeu-se atrás da mãe e ficou espiando enquanto ele entrava em casa.
a princípio, aline tentou passar despercebida. a menina estava apavorada com a ideia de conhecer tantas pessoas novas! mas em poucas semanas esse cenário mudou: ela conquistou tranquilamente o seu espaço em meio às outras crianças do condomínio. assim como todo mundo, rafael ficou muito feliz por tê-la ali. lica era a melhor jogadora de queimada do village todinho!
durante anos os dois encontraram-se quase todas as tardes. junto com os outros amigos, formavam um grupo de dez crianças que estavam sempre juntas. rafinha ensinou aline a andar de bicicleta - e correu desesperado pra acudir quando ela caiu e ralou o joelho. mas lica não se deixou abalar! limpou as lágrimas e tentou de novo e de novo, até conseguir. as amigas bateram palmas e gritaram de alegria quando ela finalmente pedalou sozinha, sem as rodinhas da bike, e sem perder o equilíbrio nenhuma vez. aline largou a bicicleta no chão e correu pra abraçar rafael, como forma de agradecimento. tantos anos depois, ambos ainda tinham esse momento guardado na memória com muito carinho.
com muito esforço, os pais de rafinha conseguiram comprar o sobrado de número 52 antes mesmo de ele nascer. quando rafael tinha nove anos, aline mudou-se para o village. ele a viu pela primeira vez numa quarta-feira à tarde. em frente ao sobrado 48, havia um casal de adultos e uma menina baixinha, usando vestido roxo e tênis laranja. ele ficou curioso - será que aquela família se mudaria para lá? suzy, a mãe de rafael, acenou para os novos vizinhos. ele também sorriu e acenou, mas a menina era tímida: escondeu-se atrás da mãe e ficou espiando enquanto ele entrava em casa.
a princípio, aline tentou passar despercebida. a menina estava apavorada com a ideia de conhecer tantas pessoas novas! mas em poucas semanas esse cenário mudou: ela conquistou tranquilamente o seu espaço em meio às outras crianças do condomínio. assim como todo mundo, rafael ficou muito feliz por tê-la ali. lica era a melhor jogadora de queimada do village todinho!
durante anos os dois encontraram-se quase todas as tardes. junto com os outros amigos, formavam um grupo de dez crianças que estavam sempre juntas. rafinha ensinou aline a andar de bicicleta - e correu desesperado pra acudir quando ela caiu e ralou o joelho. mas lica não se deixou abalar! limpou as lágrimas e tentou de novo e de novo, até conseguir. as amigas bateram palmas e gritaram de alegria quando ela finalmente pedalou sozinha, sem as rodinhas da bike, e sem perder o equilíbrio nenhuma vez. aline largou a bicicleta no chão e correu pra abraçar rafael, como forma de agradecimento. tantos anos depois, ambos ainda tinham esse momento guardado na memória com muito carinho.
com o passar do tempo, o grupo de amigos mudou. algumas crianças foram embora do village, outras chegaram... mas lica e rafinha continuaram lá, juntos, mais amigos do que nunca. na sétima série, rafael ficou de recuperação em geografia. aline passou uma semana ajudando-o a estudar todos os dias, o que garantiu a ele uma nota 8.5! como recompensa, lica ganhou um pote enorme de açaí com leite condensado, morango e granola. ela ficou tão feliz que só se lembrou de oferecer quando faltavam pouquíssimas colheradas pra acabar. rafinha até queria sim, mas preferiu deixar tudo pra ela. dava gosto de ver a menina sorrindo daquela forma, ele não quis correr o risco de estragar o momento.
agora faltavam poucos meses pro aniversário de 15 anos de aline. ela não quis ganhar uma festa, preferiu viajar. na semana do seu aniversário, lica e seus pais iriam para um hotel no rio de janeiro. ainda que essa não fosse a sua viagem dos sonhos, a menina estava muito feliz. aline passava horas planejando a viagem e pesquisando passeios diferentes, ela estava muito empolgada! a avó paterna de rafael era do rio de janeiro, o menino já havia passado as férias muitas vezes nas praias cariocas. por isso, rafinha fez questão de dar a ela todas as dicas possíveis. no seu roteiro da viagem, registrado num caderno antigo, aline escreveu de caneta vermelha, no alto da página: "não deixar de conhecer a sorveteria preferida do rafa!!!".
um dia antes de viajar, a menina estava tão ansiosa que não conseguia se distrair. ela pegou o celular e mandou uma mensagem de texto pra rafael, perguntando se podia ir na casa dele jogar video game. rafinha demorou sete minutos pra responder. ela já estava impaciente, mas sorriu ao ver a resposta: "corre, estamos te esperando", acompanhada de uma foto do controle do video game e um balde de pipoca. sem perder tempo, aline calçou o primeiro chinelo que encontrou pelo caminho e deixou um bilhete escrito às pressas na mesa da sala: "tô no rafa, volto mais tarde. se precisar, me liguem!". quando chegou na casa 52, rafinha já estava esperando na porta.
foi uma tarde muito divertida! enquanto jogavam, os dois conversaram sobre vários assuntos, não apenas sobre a viagem. como sempre, com seu jeito mais tranquilo, rafael conseguiu fazer aline se distrair e relaxar. aliás, sempre que ela se sentia muito nervosa, era ele quem a ajudava a se acalmar. de noite, ao abraçá-lo na hora da despedida, lica lembrou-se do abraço que eles haviam trocado há tantos anos, quando ela aprendera a pedalar. naquele momento, seu sentimento de gratidão era o mesmo. antes de dormir, rafinha mandou uma mensagem desejando boa viagem. "não esquece, o sorvete de frutas vermelhas é o mais gostoso", ele escreveu. aline com certeza se lembraria disso.
aline voltou pra casa num sábado à tarde. quando chegou no condomínio, três amigas já estavam à sua espera. as meninas ajudaram-na a descarregar as bagagens do carro e foram convidadas por patrícia, a mãe de aline, a entrar em casa. juntas, enquanto conversavam sobre todas as novidades dessa última semana, as quatro adolescentes desfizeram a mala de aline, separaram as roupas para lavar e guardaram tudo o que precisava ser guardado. quando aline foi tomar banho, bianca correu até a sala para conversar com a mãe da amiga. enquanto isso, carol mandou mensagem pra rafael e tati foi até o salão de festas do condomínio. assim que o chuveiro foi fechado, bianca voltou para o quarto de aline e ficou conversando com carol como se nada tivesse acontecido. quando lica percebeu que tati não estava mais ali, estranhou. as meninas inventaram uma desculpa qualquer e convenceram aline a acompanhá-las até o parquinho do condomínio. ela não queria ir, sentia-se cansada da viagem e preferia ficar em casa. mas até mesmo os seus pais insistiram para que ela fosse se divertir e matar a saudade dos outros amigos, então ela aceitou o convite.
bianca e carol estavam agindo de maneira esquisita, mas como aline não conseguiu encontrar nenhum motivo pra isso, preferiu deixar pra lá. assim que passaram em frente ao parquinho, aline perguntou se elas não iam parar. carol respondeu prontamente que iam até a casa de tati, perto do salão de festas, para ver se a amiga podia sair novamente. quando elas estavam a pouquíssimos passos da porta do salão, as luzes se acenderam e, em uníssono, diversas pessoas gritaram "PARABÉNS, LICA!". aline levou um susto tão grande que quase tropeçou. com um misto de vergonha, alegria e irritação por ter sido enganada, ela começou a chorar. as amigas correram para abraçá-la - inclusive tati, que foi quem acendeu a luz do salão de festas.
os pais de lica, que sabiam da surpresa desde antes mesmo da viagem acontecer, também apareceram. visivelmente emocionados, eles abraçaram os amigos da filha, agradeceram a demonstração de carinho, disseram para aline aproveitar a festa sem hora pra voltar pra casa e foram embora. quando conseguiu conter as lágrimas e conversar com os amigos, lica descobriu que a ideia toda havia sido de rafael. ele e bianca combinaram os detalhes com os pais de aline e organizaram, junto com os outros amigos do grupo, essa festinha surpresa. "eu sei que você não queria uma festa normal, mas não dava pra gente deixar essa oportunidade passar", ele disse. aline sentiu seu coração bater mais forte. rafael puxou-a para um abraço e, dessa vez, foi diferente de tudo o que ela já havia sentido antes. até o perfume que ele sempre usava parecia mais cheiroso. lica sentiu as bochechas arderem.
já passava das dez horas da noite quando o grupo começou a arrumar o salão para ir embora. aos poucos, os amigos foram se despedindo e voltando para suas casas. quando tati percebeu que restavam apenas cinco pessoas ali, disse para bianca e carol que elas precisavam deixar lica e rafael sozinhos. "é hoje, gente, eu tenho certeza! rafinha precisa tomar uma atitude de uma vez por todas!". ao passar por rafael, carol lançou-lhe um olhar que dizia claramente pra ele não perder aquela oportunidade. assim que ficaram sozinhos, rafael respirou fundo. "lica", ele chamou. aline olhou pra ele com uma ansiedade quase palpável. seu estômago estava retorcido, como se houvesse uma família de borboletas morando ali dentro.
"vamos conversar lá fora?", rafael perguntou. eles apagaram as luzes, trancaram a porta do salão e foram para o parquinho. sentaram-se lado a lado, um em cada balança. por regra do condomínio, maiores de 12 anos não poderiam ficar ali, mas eles sabiam que ninguém fiscalizava depois das 22h00. lica pensava nisso enquanto olhava para os próprios pés, tentando controlar o nervosismo, quando percebeu que rafael a encarava. com muito esforço, ela o encarou de volta. por mais que sempre tivesse se sentido completamente à vontade ao lado dele, aquela era uma situação completamente nova. aline sequer entendia tudo o que estava sentindo. assim que percebeu que ele iria falar alguma coisa, por impulso, ela falou antes: "o sorvete de frutas vermelhas foi o melhor que eu já comi". rafinha começou a rir.
- eu tô há dez minutos criando coragem pra falar uma coisa séria e, quando eu finalmente consigo, você me diz uma coisa dessa. aline do céu!
- o que foi? - ela perguntou, querendo rir, porém um tanto constrangida. suas bochechas estavam queimando novamente. por sorte, a luz da lua não era forte o suficiente para iluminá-la naquele momento. - desculpa... o que você ia falar?
- você jura que não sabe? - rafael queria rir, mas dessa vez era de nervoso. ele estava olhando fixamente dentro dos olhos dela. eram os olhos mais lindos que ele já tinha visto, apesar do seu tom de castanho completamente comum.
sem dizer nada, aline caminhou até um banco de madeira e chamou-o para sentar-se ali junto com ela. o coração de rafinha batia tão forte que ele tinha certeza que aline podia escutá-lo. sentados de frente um para o outro, em silêncio, eles encararam-se por alguns segundos. lica estava muito ansiosa, ela ainda não se sentia pronta para ouvir o que quer que rafael tivesse a dizer. mas ela sentia que queria a mesma coisa que ele. sendo assim, a menina inclinou-se alguns centímetros para frente, chegando mais perto de rafael. "desde quando?", ela perguntou. rafinha abriu um sorriso, o que fez o coração de aline saltar até a boca. "acho que desde sempre... mas no dia que você comeu todo o açaí depois de eu passar na prova de geografia foi que eu tive certeza", ele respondeu. aline gargalhou, essa resposta foi muito melhor do que ela estava esperando! sem pensar muito, ela fechou os olhos e projetou o corpo para frente, encostando os seus lábios nos dele.
esse não foi o primeiro beijo de nenhum dos dois, mas com certeza foi o mais especial até o momento. aline percebeu que rafinha sempre havia sido mais do que um amigo. por mais que não tivesse identificado isso antes, ela realmente também gostava dele de um jeito diferente. eles ficaram juntos ali no parquinho por mais uns quarenta minutos, conversando, dando risada e trocando beijos e abraços. rafael não queria se separar, mas aline estava caindo de sono. ela precisava mesmo descansar depois de um dia tão intenso. caminharam de mãos dadas até a casa 48, onde lica morava, e despediram-se com um selinho tímido. antes de dormir, ainda trocaram algumas mensagens de texto. rafael adormeceu com um sorriso de orelha a orelha pensando na última mensagem que ela enviara. "amo açaí e sorvete de frutas vermelhas, mas prefiro você. boa noite, a gente se vê amanhã! ❤️".
agora faltavam poucos meses pro aniversário de 15 anos de aline. ela não quis ganhar uma festa, preferiu viajar. na semana do seu aniversário, lica e seus pais iriam para um hotel no rio de janeiro. ainda que essa não fosse a sua viagem dos sonhos, a menina estava muito feliz. aline passava horas planejando a viagem e pesquisando passeios diferentes, ela estava muito empolgada! a avó paterna de rafael era do rio de janeiro, o menino já havia passado as férias muitas vezes nas praias cariocas. por isso, rafinha fez questão de dar a ela todas as dicas possíveis. no seu roteiro da viagem, registrado num caderno antigo, aline escreveu de caneta vermelha, no alto da página: "não deixar de conhecer a sorveteria preferida do rafa!!!".
um dia antes de viajar, a menina estava tão ansiosa que não conseguia se distrair. ela pegou o celular e mandou uma mensagem de texto pra rafael, perguntando se podia ir na casa dele jogar video game. rafinha demorou sete minutos pra responder. ela já estava impaciente, mas sorriu ao ver a resposta: "corre, estamos te esperando", acompanhada de uma foto do controle do video game e um balde de pipoca. sem perder tempo, aline calçou o primeiro chinelo que encontrou pelo caminho e deixou um bilhete escrito às pressas na mesa da sala: "tô no rafa, volto mais tarde. se precisar, me liguem!". quando chegou na casa 52, rafinha já estava esperando na porta.
foi uma tarde muito divertida! enquanto jogavam, os dois conversaram sobre vários assuntos, não apenas sobre a viagem. como sempre, com seu jeito mais tranquilo, rafael conseguiu fazer aline se distrair e relaxar. aliás, sempre que ela se sentia muito nervosa, era ele quem a ajudava a se acalmar. de noite, ao abraçá-lo na hora da despedida, lica lembrou-se do abraço que eles haviam trocado há tantos anos, quando ela aprendera a pedalar. naquele momento, seu sentimento de gratidão era o mesmo. antes de dormir, rafinha mandou uma mensagem desejando boa viagem. "não esquece, o sorvete de frutas vermelhas é o mais gostoso", ele escreveu. aline com certeza se lembraria disso.
aline voltou pra casa num sábado à tarde. quando chegou no condomínio, três amigas já estavam à sua espera. as meninas ajudaram-na a descarregar as bagagens do carro e foram convidadas por patrícia, a mãe de aline, a entrar em casa. juntas, enquanto conversavam sobre todas as novidades dessa última semana, as quatro adolescentes desfizeram a mala de aline, separaram as roupas para lavar e guardaram tudo o que precisava ser guardado. quando aline foi tomar banho, bianca correu até a sala para conversar com a mãe da amiga. enquanto isso, carol mandou mensagem pra rafael e tati foi até o salão de festas do condomínio. assim que o chuveiro foi fechado, bianca voltou para o quarto de aline e ficou conversando com carol como se nada tivesse acontecido. quando lica percebeu que tati não estava mais ali, estranhou. as meninas inventaram uma desculpa qualquer e convenceram aline a acompanhá-las até o parquinho do condomínio. ela não queria ir, sentia-se cansada da viagem e preferia ficar em casa. mas até mesmo os seus pais insistiram para que ela fosse se divertir e matar a saudade dos outros amigos, então ela aceitou o convite.
bianca e carol estavam agindo de maneira esquisita, mas como aline não conseguiu encontrar nenhum motivo pra isso, preferiu deixar pra lá. assim que passaram em frente ao parquinho, aline perguntou se elas não iam parar. carol respondeu prontamente que iam até a casa de tati, perto do salão de festas, para ver se a amiga podia sair novamente. quando elas estavam a pouquíssimos passos da porta do salão, as luzes se acenderam e, em uníssono, diversas pessoas gritaram "PARABÉNS, LICA!". aline levou um susto tão grande que quase tropeçou. com um misto de vergonha, alegria e irritação por ter sido enganada, ela começou a chorar. as amigas correram para abraçá-la - inclusive tati, que foi quem acendeu a luz do salão de festas.
os pais de lica, que sabiam da surpresa desde antes mesmo da viagem acontecer, também apareceram. visivelmente emocionados, eles abraçaram os amigos da filha, agradeceram a demonstração de carinho, disseram para aline aproveitar a festa sem hora pra voltar pra casa e foram embora. quando conseguiu conter as lágrimas e conversar com os amigos, lica descobriu que a ideia toda havia sido de rafael. ele e bianca combinaram os detalhes com os pais de aline e organizaram, junto com os outros amigos do grupo, essa festinha surpresa. "eu sei que você não queria uma festa normal, mas não dava pra gente deixar essa oportunidade passar", ele disse. aline sentiu seu coração bater mais forte. rafael puxou-a para um abraço e, dessa vez, foi diferente de tudo o que ela já havia sentido antes. até o perfume que ele sempre usava parecia mais cheiroso. lica sentiu as bochechas arderem.
já passava das dez horas da noite quando o grupo começou a arrumar o salão para ir embora. aos poucos, os amigos foram se despedindo e voltando para suas casas. quando tati percebeu que restavam apenas cinco pessoas ali, disse para bianca e carol que elas precisavam deixar lica e rafael sozinhos. "é hoje, gente, eu tenho certeza! rafinha precisa tomar uma atitude de uma vez por todas!". ao passar por rafael, carol lançou-lhe um olhar que dizia claramente pra ele não perder aquela oportunidade. assim que ficaram sozinhos, rafael respirou fundo. "lica", ele chamou. aline olhou pra ele com uma ansiedade quase palpável. seu estômago estava retorcido, como se houvesse uma família de borboletas morando ali dentro.
"vamos conversar lá fora?", rafael perguntou. eles apagaram as luzes, trancaram a porta do salão e foram para o parquinho. sentaram-se lado a lado, um em cada balança. por regra do condomínio, maiores de 12 anos não poderiam ficar ali, mas eles sabiam que ninguém fiscalizava depois das 22h00. lica pensava nisso enquanto olhava para os próprios pés, tentando controlar o nervosismo, quando percebeu que rafael a encarava. com muito esforço, ela o encarou de volta. por mais que sempre tivesse se sentido completamente à vontade ao lado dele, aquela era uma situação completamente nova. aline sequer entendia tudo o que estava sentindo. assim que percebeu que ele iria falar alguma coisa, por impulso, ela falou antes: "o sorvete de frutas vermelhas foi o melhor que eu já comi". rafinha começou a rir.
- eu tô há dez minutos criando coragem pra falar uma coisa séria e, quando eu finalmente consigo, você me diz uma coisa dessa. aline do céu!
- o que foi? - ela perguntou, querendo rir, porém um tanto constrangida. suas bochechas estavam queimando novamente. por sorte, a luz da lua não era forte o suficiente para iluminá-la naquele momento. - desculpa... o que você ia falar?
- você jura que não sabe? - rafael queria rir, mas dessa vez era de nervoso. ele estava olhando fixamente dentro dos olhos dela. eram os olhos mais lindos que ele já tinha visto, apesar do seu tom de castanho completamente comum.
sem dizer nada, aline caminhou até um banco de madeira e chamou-o para sentar-se ali junto com ela. o coração de rafinha batia tão forte que ele tinha certeza que aline podia escutá-lo. sentados de frente um para o outro, em silêncio, eles encararam-se por alguns segundos. lica estava muito ansiosa, ela ainda não se sentia pronta para ouvir o que quer que rafael tivesse a dizer. mas ela sentia que queria a mesma coisa que ele. sendo assim, a menina inclinou-se alguns centímetros para frente, chegando mais perto de rafael. "desde quando?", ela perguntou. rafinha abriu um sorriso, o que fez o coração de aline saltar até a boca. "acho que desde sempre... mas no dia que você comeu todo o açaí depois de eu passar na prova de geografia foi que eu tive certeza", ele respondeu. aline gargalhou, essa resposta foi muito melhor do que ela estava esperando! sem pensar muito, ela fechou os olhos e projetou o corpo para frente, encostando os seus lábios nos dele.
esse não foi o primeiro beijo de nenhum dos dois, mas com certeza foi o mais especial até o momento. aline percebeu que rafinha sempre havia sido mais do que um amigo. por mais que não tivesse identificado isso antes, ela realmente também gostava dele de um jeito diferente. eles ficaram juntos ali no parquinho por mais uns quarenta minutos, conversando, dando risada e trocando beijos e abraços. rafael não queria se separar, mas aline estava caindo de sono. ela precisava mesmo descansar depois de um dia tão intenso. caminharam de mãos dadas até a casa 48, onde lica morava, e despediram-se com um selinho tímido. antes de dormir, ainda trocaram algumas mensagens de texto. rafael adormeceu com um sorriso de orelha a orelha pensando na última mensagem que ela enviara. "amo açaí e sorvete de frutas vermelhas, mas prefiro você. boa noite, a gente se vê amanhã! ❤️".
Amei ter uma personagem chamada Tati (representatividade importa)
ResponderExcluirE como diriam os xófens, Aline e Rafael são OTP!!!
Limonada