quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

super sincero

eu tenho um amigo, o polvilho, que é super sincero. num nível que chega a ser até um pouco chato pra quem tá ouvindo. num nível que eu queria ser também.
ele não esconde o que pensa ou sente. independente da situação, independente da reação alheia. talvez ele omita algumas coisas, mas se for confrontado ele com certeza vai dizer na lata o que sentir vontade.
além disso, o polvilho não curte muito contato físico. e, como é de se pressupor, ele não é lá das pessoas mais sociáveis que eu já conheci. o moço é daqueles que se você esticar os braços na direção dele pra um abraço, ele vai te olhar com cara de "aff sai daqui" e vai se afastar de você. sem dó, sem constrangimento. pelo simples fato de que ele não quer e não liga se você vai se ofender com isso. é um direito dele não ser abraçado e pronto. você que tá passando dos limites, não ele.
polvilho apertou o botão do foda-se pras relações sociais. mas ele é muito maravilhoso. sendo assim, por incrível que pareça, o cara tem muitos amigos. um dia desses, um amigo dele disse "vamos combinar o dia e o horário pra irmos juntos em tal lugar". polvilho, delicadíssimo do jeitinho que só ele sabe ser, disse de bate-pronto: "então, eu prefiro ir sozinho mesmo. se der a gente se vê por lá, mas não quero ir com vocês não". assim, sem mais nem menos, sem problema algum. MA-RA-VI-LHO-SO. eu gargalhei loucamente, achei genial a naturalidade com que ele disse isso. e mesmo que os amigos tenham feito piadas do tipo "porra, cê é o pior amigo que eu já tive, sai daqui, fdp!" ele só deu risada e reforçou a ideia de que realmente não queria companhia. aliás, ele é desses que vira pros amigos e fala "ceis já tem idade o suficiente pra fazerem as coisas sozinhos, não preciso ir junto". sabe, é muita sinceridade pra uma pessoa só.
esse menino é minha inspiração de vida. mas às vezes eu sofro com vontade de abraçar ele, porque sei que não posso. acontece, né ¯\_(ツ)_/¯ 

* chamemos o moço de polvilho por motivos de 1) não vou citar o nome dele 2) ele mora nessa cidade e esse nome é muito bom pra não ser usado ^^

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

eu sou a maré viva

eu não entendo. me esforço, tento refletir a respeito, mas parece que fica cada vez mais complicado. cada vez mais nonsense. e cada vez mais pesado também. tá tudo muito bem, all fun and games, e de repente: FUÉN, vai tudo por água abaixo. sem mais nem menos, sem nenhum tipo de aviso prévio. inesperado e rude, ardido como um tapa na cara. 
out of nowhere me surge um desespero, uma sensação de impotência e vontade de fugir pra outro planeta. medo de não dar conta, medo de estar fazendo tudo errado, medo de vacilar e perder tudo. medo de ser deixada de lado, medo de não ser tão importante quanto acho que sou, medo de quebrar a cara na primeira oportunidade. aí o olho enche de lágrima. e elas escorrem loucamente, quase uma chuva torrencial. como se não bastasse a mente ficar confusa, o corpo vai lá e reforça o momento ruim. reações alérgicas a fortes emoções. e elas tão sempre aqui presentes. às vezes ficam represadas, guardadinhas por bastante tempo. até que a maré sobe, a onda cresce e vira praticamente um tsunami. chega rápido e devasta tudo. 
mas dali 5 minutos tudo passa. as lágrimas secam, eu me recomponho e finjo que tá tudo bem. mas esse é um fingimento de verdade, é de coração. tanto que, depois da intensidade da ressaca, quando eu menos espero, fica realmente tudo em paz e o mar volta a se acalmar. 

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

o menino que não sabia contar histórias

era uma vez um menino que não sabia contar histórias. por mais que ele tentasse, leandro se embolava todo. ainda que as lembranças viessem pra ele com facilidade, as ideias se aglomeravam em sua mente e ficava quase impossível de por em palavras aquilo que ele estava pensando. o maior problema é que, quando a dificuldade chegava, ele se recusava a tentar.

- gente, deixa eu contar uma história... foi assim, um dia eu tava lá naquele lugar e, de repente, chegou uma moça. aí aconteceu uma coisa e... ah não, deixa pra lá.
- fala, leandro, a gente tá escutando.
- não quero mais. não rolou, não vou contar.

no começo, os amigos insistiam. pediam pra que ele não desistisse, tentavam até chantageá-lo para, quem sabe assim, escutarem a história. depois de um tempo, todos foram aprendendo a lidar com a falta de traquejo do menino em relação às narrativas. leandro empacava e não havia nada a fazer a respeito. a solução encontrada pelo grupo para  resolver esse probleminha foi bem simples. já que o garoto não queria contar, eles inventariam. o menino dava a deixa, introduzia o assunto e, ao se calar, era obrigado a dar risada das mais absurdas continuações que surgiam. seus amigos eram bem criativos, isso ele não podia negar. além disso, as histórias costumavam ficar muito mais interessantes - e improváveis - nessas versões inventadas. será que o real motivo de leandro não era esse: ouvir da boca dos outros um final diferente pras suas próprias histórias?

domingo, 23 de novembro de 2014

e foi aí que tudo mudou

de repente, ele fez um comentário sobre uma das fotos dela. em tom de brincadeira, mas com uma pitadinha de algo a mais. e não comentou na foto, pra todo mundo ver. disse só pra ela, no meio de uma conversa, sem que ninguém mais tivesse acesso. isso foi diferente de tudo o que ele já havia dito e ela percebeu que seu coração se acelerou e que suas bochechas ficaram bem vermelhas. sinal #1 de que algo grande estava por vir. não que ela tenha percebido isso na época...
tempos depois, uma mensagem inesperada, que ele talvez nem lembre mais que enviou (assim como ele provavelmente também não se lembra do comentário sobre a foto), fez com que ela ficasse muito empolgada. e ansiosa também, já que pela primeira vez ela via chances reais de realizar seu então atual desejo. 
desejo esse que surgiu durante o show da banda preferida que eles têm em comum. pra ela, saber que eles dividem tantas preferências é sinal de sorte e felicidade. talvez ele não compartilhe desse pensamento, talvez ele nem ache isso tão relevante. mas o que importa mesmo é que a sorte e a felicidade realmente estão ali presentes. 
depois da mensagem, veio uma festa. ela foi parar ali meio que sem querer, meio tímida por estar no meio de tanta gente que ela sequer conhecia. saber que ele estaria lá foi o que a motivou a criar coragem pra enfrentar a timidez. aliás, se não fosse ele, ela jamais teria ido na tal festa. o convite não teria nem sido feito. no meio dessa festa, assim que a primeira oportunidade surgiu, ela foi tomada por uma coragem nunca antes vista e fez aquilo que sentiu vontade: deu um beijo nele. assim, sem mais nem menos. sem saber se ele queria, sem saber se ele ia retribuir. 

pode ser que ele ache que tudo mudou na hora do primeiro beijo. ou do segundo, que foi em outro momento da festa. ou do terceiro, do quarto... que ocorreram em outros dias. mas, pra ela, as coisas começaram a mudar de verdade muito antes disso. lá, no dia do comentário a respeito da foto dela, foi quando a primeira fagulha se acendeu. foi pequenininha, mas ainda assim muito promissora. ainda bem.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

ainda com os mesmos olhos

bianca ainda olha pra rafael com os mesmos olhos apaixonados de sempre, apesar de dizer - da boca pra fora - que não o ama mais. finge que não liga mais pra ele, se faz de desentendida quando alguém comenta a respeito dos dois e vive reafirmando que o que eles tinham já passou e não volta mais. 
essa pose de menina forte que seguiu com a vida tá sempre lá, de pé, se sustentando. mas bianca não consegue esconder sua frustração ao ver o quanto rafael e ana se dão bem. a cada risada que ele dá por causa dela, a cada música que ele mostra pra ela, a cada vez que ele a espera na porta da classe... os olhos de bianca, sempre apaixonados, adotam também um ar mais triste. triste e ciumento. antes tudo isso era com ela. rafael era dela. agora não é mais. ana chegou, se infiltrou onde não foi chamada e conseguiu roubar pra si, aos pouquinhos, aquilo que bianca tanto amava: a atenção e o afeto de rafael.

os dois ainda são amigos. os dois ainda riem juntos, trocam dicas de livros e às vezes até sentam juntos na aula. mas não é mais a mesma coisa. a naturalidade que antes existia, hoje já não se faz mais presente. os silêncios constrangedores aparecem com uma frequência maior do que a desejada e o desconforto entre eles fica nítido. o que bianca não sabe é que, mesmo que rafael realmente tenha seguido em frente, diferentemente dela própria, ninguém jamais vai ser capaz de ocupar o espaço dela na vida dele. nem mesmo ana. o posto de "menina mais importante do mundo" sempre vai ser dela. rafael só esqueceu de avisar.  

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

bola de pelo

"ela não discute e vai embora, como se engolisse o que passou"

mas, na verdade, ela não engoliu nada. tá tudo ali, muito bem preso na garganta. tá tudo seco, também. impossível de descer goela abaixo. quando a coisa acumula demais, acontece com ela tipo o que ocorre com um gato e as bolas de pelo: ela tem que por tudo pra fora. vai subindo aos poucos, incomodando o corpo - e a mente - até que, quando ela percebe, a coisa fugiu do controle. convenhamos, chega um momento em que fica impossível de controlar. e olha que ela se esforça bastante.

ela gostaria que esse esforço silencioso fosse reconhecido pelos outros. ela gostaria que as pessoas entendessem que, quando ela explode, é porque chegou ao nível máximo e tudo transbordou. ela gostaria de tanta coisa que é tão difícil de acontecer... mas tá tudo bem. ela reconhece, ela entende, ela sabe o que se passa ali dentro dela mesma. e, no fundo, isso é o que vale. 

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

parece que não, mas eu sei que vai

"vai passar e eu nem vou perceber. vai mudar. vai mudar, vai mudar, vai mudar. e acabar."

tudo muda, tudo passa, tudo acaba. por mais que isso me doa e eu tenha dificuldades sérias em absorver essa informação, eu sei, bem lá no fundo, que as coisas não são eternas. o fim chega, mais cedo ou mais tarde. seja a coisa boa ou ruim. o que me alivia é saber que nada que é dolorido vai durar pra sempre, por mais que o sofrimento faça o tempo passar se arrastando. quando a gente menos perceber, já era. pronto, acabou. mas pensar que algo bom, algo feliz, também tem esse mesmo fim me dá uns arrepios na espinha. prefiro pensar que as situações é que não são eternas, que tudo está em constante mudança. logo, o que hoje é pode amanhã já não ser mais. e que, mesmo mudado, pode continuar sendo bom da mesma forma. ou melhor, de outra forma. mas sendo positivo ainda assim. 
jamais perder a esperança e jamais esquecer que, mesmo efêmeras, as coisas podem e devem sempre ser aproveitadas da melhor maneira possível. até o que for ruim.

* nota mental: ler isso aqui sempre que eu começar a esquecer. 

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

insustentável leveza

uma das maiores descobertas da minha vida foi constatar que: quem coloca o peso nas coisas sou eu. logo, quem alastra o meu próprio sofrimento sou eu também. dar muita importância pra algo que não precisa, criar expectativas irreais, levar tudo muito a sério, enxergar algo que não existe. isso tudo vem da gente e só a gente é capaz de controlar. se você esperava uma determinada atitude de alguém e essa pessoa agiu de forma diferente, a culpa não é só dela. é sua também, que cismou que o outro devia agir de acordo com aquilo que você ansiava, por exemplo. a gente NÃO. PO. DE. idealizar certas coisas, porque nossas expectativas dificilmente serão atingidas e só quem tem a perder somos nós mesmos. não podemos controlar os outros, não podemos controlar o mundo. às vezes é difícil controlar nossas próprias ações - quanto aos sentimentos, nem se fale - quem dirá então o resto das pessoas.
por mais que isso já esteja claramente estabelecido na minha mente, nem sempre eu consigo colocar em prática com muito êxito. mas desde que eu parei de ver o mundo com tanta dureza, desde que eu tirei de mim uns 200 quilos de peso desnecessário que habitava o meu ser, a minha vida tá relativamente bem mais simples. eu não vejo mais só o lado ruim, eu não acho mais que o universo conspira contra mim (muito pelo contrário!), eu não sofro mais por coisas que não significam tanto apesar de ainda sofrer incessavelmente por aquilo que o meu inconsciente julga merecedor de tal ato... , eu consigo enxergar mais o lado do outro e deixar o meu ego maluco pra lá. e tudo isso tá sendo essencial pra que a minha felicidade nunca vá embora. tô aprendendo a viver de forma mais leve, valorizando aquilo que me deixa bem e jogando fora o que for capaz de acabar com esse sentimento tranquilo que eu ando trazendo dentro de mim. ainda tenho um caminho imenso pra percorrer, mas posso garantir que o final da estrada vai compensar toda a caminhada. 

terça-feira, 14 de outubro de 2014

a graciosidade da princesa

ela era uma princesa, mas nem sempre gostava de agir como tal. sua doçura e seu carisma estavam sempre lá, intrínsecos em sua personalidade. mas às vezes ela se sentia cansada de suas obrigações como princesa e desejava intensamente ter uns dias de descanso.
por uma grande e inesperada coincidência, o destino um dia lhe sorriu e a princesa se viu em uma situação nova e animadora. poderia, finalmente, fugir de sua realidade e viver tal qual uma moça comum por 48 horas. lá, bem longe de seu reino, em terras que ela ainda não conhecia, conheceria pessoas que talvez nem soubessem de sua existência.
viajou de carruagem, acompanhada por um servo (termo esse que a princesa, aliás, não gostava. para ela, seus ajudantes eram todos considerados seus amigos). deixou pra trás suas roupas chiques, seus sapatos novos e, principalmente, a sua coroa. usando um vestido simples e o cabelo em trança, ela podia facilmente se confundir com os moradores daquela pequena e distante cidade. 
após muito caminhar na companhia de seu fiel escudeiro, conhecendo todas as vielas floridas e os simples estabelecimentos comerciais do vilarejo, eles acabaram por encontrar um local muito acolhedor para o jantar. logo na entrada, foram recebidos por um jovem muito simpático que os conduziu até aquela conhecida como "a melhor mesa da casa". o garçom, de alma naturalmente solícita, percebeu de pronto que os dois eram forasteiros. apesar de tentarem ao máximo se portar como moradores locais, o jovem viu instantaneamente que algo neles era diferente. se apressou a lhes explicar quais eram os pratos da noite e, ainda, qual deles era o seu predileto. a princesa acatou a sugestão e sentiu-se satisfeitíssima após tomar duas vasilhas da sopa de batatas que o garçom tanto elogiara. após a refeição, os dois se demoraram pelo menos quarenta minutos ainda sentados, apreciando aquela atmosfera caseira e aconchegante que, além de tudo, contava com um grupo de animados senhores que tocavam diversos instrumentos musicais e cantavam uma música nunca antes ouvida pela princesa.
quando finalmente decidiram se levantar e pagar pelos serviços a eles prestados, o garçom se dirigiu novamente aos dois e disse, discretamente, que gostaria de falar com a princesa a sós. seu servo, sabendo do risco que aquilo representava, prontamente disse que não poderia permitir. então a moça, sempre sorrindo, disse que não havia o menor problema em deixar que seu "amigo" escutasse aquela conversa. um tanto encabulado, o garçom os acompanhou até o lado de fora do estabelecimento e, criando uma faísca de coragem, disse em um volume quase inaudível: "você é uma princesa, não é?".
espantados, a menina e o servo trocaram olhares nervosos. para o garçom, aquela reação valia mais do que um "sim". ainda nervosa, ela quis saber o que em sua atitude a denunciara. com uma expressão de encantamento estampada em sua face, o garçom respondeu que ela era graciosa demais para ser uma moça comum, que tudo nela tinha traços de princesa. desde os cabelos despretensiosamente arrumados ao sorriso que nunca deixava o seu rosto. 
sentindo-se levemente envergonhada, as bochechas dela adquiriram tom avermelhado muito evidente, o que só reforçou ainda mais essa tal delicadeza que o jovem acabara de descrever. agradecendo o elogio e pedindo ao garçom que guardasse a sete chaves o seu segredo, ela se despediu. disse também que gostaria muito de retornar o mais breve possível para vivenciar outra experiência tão agradável quanto aquela.

o que fez com que a princesa pudesse viver essa aventura é secundário e, portanto, não cabe ser contado nessa história. o que importa é que, desde então, sua percepção do mundo - e de si própria - nunca mais fora a mesma. 

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

sempre com muito amor

beijos, mordidas, suspiros, carícias. sentimento forte e mútuo. minhas unhas percorrem as suas costas, te deixando com incontáveis marcas. essas, inclusive, combinam perfeitamente com a vermelhidão da minha cintura depois de você me apertar. nossos dedos se enlaçam automaticamente. quando eu me dou conta, minha mão foi de encontro à sua sem que eu tivesse que pensar em fazer isso. meu pescoço serve de refúgio pro seu rosto. você me abraça com tamanha força que a única mensagem que isso me passa é você querendo me dizer, silenciosamente, "por favor, não me solta nunca mais". fica tranquilo, te soltar não faz parte de nenhum dos meus infinitos planos pro futuro. você faz parte de todos eles.

"duas cores se procuram,
suavemente se tocam,
amorosamente se enlaçam.
formando um terceiro tom"
(Carlos Drummond de Andrade)

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

quem quiser que chame um médico

ou um terapeuta, um analista, 
o melhor amigo, a própria mãe. 
ou saia por aí distribuindo porradas 
e pontapés, doe a quem doer. 
ou grite no travesseiro, soque as paredes, 
quebre uns pratos e uns copos.
pode ser que você pinte quadros
e até rabisque os muros da cidade. 
ou que toque uma música bonita no violão,
se você achar melhor.

quanto a mim, eu escrevo.
escrevo e choro também.
muito muito, bastante mesmo.
nem sempre fica bom, 
mas até que sempre dá certo.
quem quiser que chame um médico,
eu escrevo e choro também.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

volta às aulas

118 dias, quase 4 meses, de paralisação na faculdade. funcionários, professores e alunos formando a maior greve da história da universidade com união dos três setores, em que os grevistas saíram vitoriosos. a causa foi justa, eu concordo com a luta deles e fiquei satisfeita em ver que o reitor teve que "dar o braço a torcer" depois de tanto bater o pé em sua ideia fixa - e maluca - de cortar tudo o que fosse possível e deixar os trabalhadores sem o dinheiro que lhes é de direito. mas poucos sabem o tamanho do meu alívio quando finalmente foi decretado o fim da greve e o retorno à sala de aula <3

voltei feliz e empolgada sim, apesar de todas as possíveis adversidades. eu não aguentava mais ficar em casa me sentindo inútil, eu tava morrendo de saudade de aprender coisas novas e de ter textos enormes pra ler e matérias confusas pra estudar. mesmo que acordar as 5 da manhã, pegar trem lotado e ônibus e depois dividir a classe com gente presunçosa e sem noção não seja algo muito animador, nada disso foi capaz de estragar o meu primeiro dia de aula pós greve infinita. e não tinha como ser diferente. dentre 2874 opções de curso e de universidade, aquela foi a que eu escolhi pra passar, pelo menos, cinco anos da minha vida. se eu não estivesse empolgada pra retornar, algo estaria absurdamente errado...

agora eu terei aula direto até janeiro (ou fevereiro, depende de cada docente) e, mesmo sabendo que minha cabeça pode entrar em parafuso por causa da correria com as matérias e dos inúmeros trabalhos e provas, eu tô confiante de que vou chegar ao final do meu primeiro ano da graduação bem orgulhosa de mim e da escolha que eu fiz. :')

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

coffee shop au

aquela era uma tarde fria, em que o vento gelado bagunçava o cabelo das meninas e causava um arrepio desconfortável nas nucas descobertas da maioria dos homens. o céu cinza se misturava aos prédios altos e monocromáticos, deixando um clima melancólico no ar. mas a população parecia não se importar com nada disso, talvez todo mundo já estivesse acostumado. todo mundo, menos ela.
bianca saiu de casa vestindo dois casacos e um cachecol de lã, porque o frio a incomodava intensamente. sua casa parecia um iglu, então ela resolveu que precisava caminhar até a cafeteria mais próxima pra aquecer seu corpo e sua alma com alguma das bebidas de lá. apressou seus passos pra não dar muita chance ao vento que batia forte contra o seu rosto e sentiu um grande alívio quando fechou atrás de si a porta da cafeteria. lá dentro estava tão confortável e quentinho que seus casacos já não se faziam necessários. após alguns minutos parada em frente ao quadro na parede, que servia de cardápio, ela se decidiu por um cappuccino do maior tamanho e por um pedaço de bolo de banana. só de estar em um lugar colorido, com cheiro de café e com pessoas falantes e, aparentemente, felizes ao seu redor, ela já se sentia melhor. bianca se dirigiu ao caixa, fez seu pedido e, após alguns instantes, ela já estava sentada em sua mesa de canto esquentando as mãos ao segurar seu copo. 
quando seu cappuccino já estava pela metade e seu bolo quase chegando ao fim, um garoto alto e de cabelos escuros entrou na cafeteria. seus olhares se cruzaram por uma fração de segundo e então ele foi ao balcão pedir seu chocolate quente. o menino sentou em uma mesa próxima a de bianca e tirou da mochila um livro de capa verde, que ela reconheceu instantaneamente, já que se tratava de um dos seus três preferidos no mundo. um sentimento engraçado foi crescendo dentro dela, um calor maior do que aquele proporcionado pelo café quente. seus olhos se iluminaram e ela sentiu que precisava conhecer melhor aquele garoto. tomada por uma coragem que surgiu sem mais nem menos, bianca o chamou e, interrompendo a sua leitura, começou a puxar assunto com ele. os dois se afinaram logo de cara e, em pouco tempo de conversa, já haviam descoberto várias coisas em comum. eles combinaram de se encontrar outras vezes naquela mesma cafeteria e um amor enlouquecedor cresceu entre os dois. 
tudo se passou tão rápido e repentinamente que bianca parecia estar sonhando. e, na verdade, ela estava mesmo. no ápice de um dos beijos apaixonados entre o casal, a menina acordou. estava deitada no sofá de sua casa, enrolada em uma coberta grossa para se proteger do frio que fazia. seu sentimento de frustração duplicou quando ela percebeu que, além de não ter realmente conhecido o suposto amor da sua vida, o clima lá fora estava igual ao de seu sonho. cinza e sem graça, do jeito que ela menos gostava. bianca fechou seus olhos com força e tentou ao máximo retornar pro sonho de onde ela jamais gostaria de ter saído, mas seu esforço foi em vão. vencida pelo cansaço, ela se levantou e foi até a cozinha tomar uma xícara de café. pelo menos o calor causado pela bebida quente poderia ser fielmente reproduzido na vida real.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

calma, mantenha a calma

há uns 2 anos, minha vida deu uma mudada legal. e eu já disse isso aqui infinitas vezes, mas gosto sempre de lembrar. foi uma das melhores coisas que já aconteceram comigo - apesar de eu ter sofrido pra caramba antes de eu me dar conta disso. enfim. uma das consequências dessa mudança é que eu decidi que evitaria ao máximo repetir os mesmos erros. se fosse pra errar, que acontecesse então de uma maneira nova, sem saber de antemão que aquilo não seria bom e tal. e, por isso, eu decidi que tinha que me controlar bem mais, já que grande parte dos meus desconfortos anteriores tinham sido causados pelo meu jeito explosivo e impulsivo. decidi que tinha que tentar viver sem me exaltar tanto, sem gritar, sem dar piti. e até que eu consegui amadurecer e melhorar bastante nesse quesito. mas o problema é que eu ainda sinto vontade de fazer tudo isso, ou seja, eu ainda não tô no nível em que eu queria estar na questão do auto controle. por mais que eu consiga respirar e ficar quieta, o que eu queria mesmo era xingar aos berros e chorar até não poder mais. queria brigar, queria discutir, queria me descontrolar. mas sei que não devo, logo, não faço. de vez em quando ainda dou umas respostas atravessadas, faço umas caras feias, falo umas grosserias. mas nada comparado ao que eu costumava fazer. 

eu tô relendo uma série de livros agora e a minha personagem preferida é passional e descontrolada. tudo pra ela é motivo pra sair distribuindo socos, chutes e xingamentos. quanto mais eu leio, mais saudade eu sinto de ser um pouquinho assim. por mais que eu esteja incrivelmente feliz e em paz com esse meu jeito mais contido, os sentimentos malucos ainda estão todos aqui dentro. e eu acho que não gosto tanto assim de guardá-los, sem despejar pra fora tudo o que eu tô sentindo. mas em vez de voltar a ser descompensada, acho que eu preciso encontrar outra forma de me "esvaziar". será que meditação funciona? :)

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

shit happens

por mais que você planeje, organize e deixe tudo certo pra que algo aconteça, quando não é pra ser, simplesmente não é. alguma coisa, por menor que seja, vai entrar no seu caminho e vai fazer com que tudo dê errado. e, às vezes, você não tem como controlar.
o que você pode fazer é tirar proveito da situação. é preciso entender que as coisas fogem da nossa alçada de vez em quando e é preciso enxergar o lado positivo, seja ele qual for. senão você acaba ficando maluco e desconta nos outros as suas próprias frustrações. 

a culpa não é de ninguém. não é sua que esqueceu algo em casa e teve que voltar. nem do elevador que nunca parava no seu andar. e nem do motorista à sua frente que estava um pouquinho devagar demais (na sua opinião, é claro) e então aquele farol fechou. se, no final das contas, você se atrasou e perdeu seu voo: paciência. acontece. pode ser que se você tivesse entrado no avião, algo de ruim acontecesse. ou não, também. você não tem como saber. o que importa é que ninguém consegue mudar o que já tá feito. o que nos resta a fazer numa hora dessas é engolir o choro, respirar fundo e aguardar o próximo voo. 

sábado, 26 de julho de 2014

assusta, mas encanta

o ser humano é uma coisa louca. todo mundo é presumidamente tão igual, mas ao mesmo tempo tão completamente diferente. cada um é único, cada um tem as suas próprias particularidades, cada um consegue ser a exceção em determinado aspecto.  e, ainda assim, todo mundo é capaz de se identificar com outro alguém - ou outros vários alguens - em infinitos pontos. 
por sermos seres pensantes, é incrível a quantidade de coisas maravilhosas que a gente consegue realizar. e, por esse mesmo motivo, é bizarro pensar na quantidade de destruição que a gente presencia por aí. a galera se deixa contaminar por um ódio cego e sai disseminando cada vez mais a discórdia, a guerra, a injustiça, a falta de amor (próprio e pelo próximo)... 

mas deixando tudo isso de lado e olhando só a parte boa, o ser humano é apaixonante! trazemos em nós tudo aquilos que somos, aquilo que fazemos, aquilo que gostamos, aquilo pelo qual passamos. estejam essas coisas estampadas no nosso corpo ou escondidas no nosso interior. 
cicatrizes, tatuagens, rugas, cabelos brancos, olhos tristes, sorrisos largos. trejeitos, tiques nervosos, vícios de linguagem, gestos inconscientes. uma pessoa é composta por tudo isso e muito, muito, muito mais. somos um emaranhado de sentimentos malucos e conflitantes que podem transbordar, mas que também podem viver aprisionados sem que ninguém perceba que nós estamos sentindo tais coisas. somos um contraste ambulante. vivemos mudando de opinião e de aparência. podemos ser vários em um só.

eu amo os detalhes que formam uma pessoa. os contornos do rosto dela, a maneira como as unhas dela são cuidadas (ou totalmente desleixadas), se ela fala com você te olhando nos olhos ou olhando pro que há em volta, se ela sorri mostrando os dentes ou não, a forma como ela cruza os braços, se ela consegue manter o foco em um único assunto ou se fica se interrompendo pra falar de outras coisas... tudo isso é tão importante! mesmo que pra maioria das pessoas isso não tenha relevância. é tão mais interessante reparar nesse tipo de coisa em vez de ficar procurando os supostos "defeitos" alheios. e daí se a pessoa tá acima do peso pré estabelecido pela mídia como o ideal? e daí se o cabelo dela não tá do jeito que você gosta? e daí se aquela roupa não é o que você considera como adequado? nada disso deveria receber tamanha atenção. nada disso deveria ser motivo pra alvoroço e crítica.

apesar de me assustar cada dia mais com o grau de maldade e de loucura que existe por aí, eu também me encanto cada dia mais com a beleza que existe dentro e fora de cada um de nós. torço muito pra que um dia a humanidade consiga se consertar e aí, quem sabe, o lado bom de todo mundo vai ser bem maior do que o ruim. 

quinta-feira, 24 de julho de 2014

no final das contas, sempre vale a pena

Certo dia, em uma terça-feira qualquer, Gustavo saiu de casa pra comprar pão. Não porque estivesse com fome, ou com vontade de ir. Simplesmente porque era isso que ele fazia todas as tardes. Há alguns anos sua mãe havia lhe designado essa função e, desde então, Gustavo faz isso sem pestanejar ou pensar a respeito. 
Todos os dias, no mesmo horário, o garoto pegava a mesma quantidade de dinheiro e se encaminhava pra mesma padaria, localizada na esquina de sua rua. Em questão de doze minutos ele já estava de volta à sua casa, colocando as compras sobre a mesa da sala, onde seria servido o café da tarde dentro de alguns instantes.

Especificamente nessa terça-feira qualquer, a rotina de Gustavo se modificou. Ao se aproximar da habitual padaria, ele se deparou com os portões fechados. Por cerca de dois segundos, ele ficou sem reação. "Como assim eles fecharam sem me avisar?", pensou o garoto. Então ele se deu conta de que havia um discreto cartaz colado na porta que deveria estar aberta. Andou em direção ao papel e leu a seguinte explicação: "ESTAMOS DE LUTO. Reabriremos normalmente amanhã". Gustavo sentiu-se envergonhado, já que se irritara por algo tão bobo enquanto aquelas pessoas haviam perdido algum ente querido. 

O menino lembrou-se da outra padaria mais próxima dali e sentiu um certo desconforto quando percebeu que demoraria pelo menos vinte minutos para chegar lá. Gustavo respirou fundo, conteve seus pensamentos raivosos e começou a caminhar rapidamente. Se ele se atrasasse demais, sua mãe ficaria preocupada. Apesar de sua tentativa de não se incomodar com a situação, o garoto não conseguia parar de reclamar. "Todos os dias eu faço a mesma coisa, nada nunca muda. Por que justo hoje as coisas saíram do controle? Eu sei, os donos da padaria estão passando por uma situação delicada, eu não deveria estar reclamando disso, é só uma caminhada a mais (...)".

Envolto em seus pensamentos, ele nem viu o tempo passar. Quando se deu conta, a padaria estava há apenas uma faixa de pedestres de distância de Gustavo. Ele se dirigiu à ela, entrou no estabelecimento e, pra sua surpresa, deu de cara com Camila, uma antiga colega de classe por quem ele fora secretamente apaixonado durante um ano inteiro. Um instante se passou e então a menina abriu um largo sorriso. Os olhos de Gustavo se iluminaram quando ele percebeu que ela ainda se lembrava dele. Os dois se cumprimentaram e conversaram rapidamente. Nesse meio tempo, ele descobriu que Camila também comprava pão para sua mãe todos os dias, no mesmo horário e na mesma padaria, assim como ele. Essa simples coincidência fez com que o garoto se sentisse estranhamente feliz. 

Camila se despediu de Gustavo - ela já estava de saída quando ele chegou. Após um rápido beijo na bochecha (que fez com que ele ficasse vermelho como um tomate), ela disse :
- Nos vemos amanhã? Gostei de te reencontrar! 
- É claro que sim! respondeu ele, sem conseguir conter seu misto de felicidade e surpresa.

Ainda com um ar sonhador estampado em seu rosto, Gustavo fez suas compras e voltou pra casa. No meio do caminho, tudo o que conseguia pensar era em como havia sido injusto com o Universo aquele dia. "Eu reclamando de ter que andar demais quando, na verdade, o motivo disso tudo foi a Camila. Ah, se eu soubesse!". Ao passar em frente a padaria de sua rua, com as portas fechadas, ele disse baixinho:
- Desculpa, gente, mas é impossível competir com uma padaria que me faz ver a menina mais bonita do mundo. Não vai dar mais pra eu comprar meus pães aqui...
E então ele continuou andando até em casa, chegando a conclusão de que nem tudo que sai do nosso planejamento é uma coisa ruim. Às vezes a coisa é boa até demais. 

segunda-feira, 14 de julho de 2014

the lord is testing me

às vezes acontecem umas coisas que não parecem reais. eu fico até procurando as câmeras e aguardando alguém aparecer pra me dizer "olha ali o cinegrafista, é pegadinha, relaxa". infelizmente ninguém aparece e eu sou obrigada a admitir que minha vida poderia muito bem ser um daqueles filmes ruins que a gente assiste e depois se arrepende das 2-3h perdidas em frente à tela...
ainda bem que eu aprendi a lidar (mais ou menos) com esse tipo de maluquice. ignoro uns 90% do que poderia me fazer mal. quanto ao resto - os malditos 10% que chegam a me atingir - eu jogo rapidinho num lugar bem famoso chamado lixeira. não vale a pena, não me importa, não há motivos pra guardar dentro de mim. 
aí eu finjo que não aconteceu, que tudo continua exatamente como estava e minha felicidade não se abala. :)


quem é vivo
sempre aparece
no momento errado
para dizer presente
onde não foi chamado
Paulo Leminski

terça-feira, 1 de julho de 2014

1 ano sem Canadá

só hoje eu percebi que dia 26 de junho fez 1 ano que eu entrei num avião e fui passar 3 meses morando numa republica em outro país acompanhada de uma das minhas melhores amigas. eu não sei como explicar de outra forma, então vou sintetizar na seguinte frase: essa foi a experiência mais sensacional da minha vida até então! :)

perdi um pouco da vergonha de falar com os outros (já que eu não tinha outra opção), melhorei o meu inglês, criei mais responsabilidade, fiz amigos de diversos países do mundo - desde o brasil até o japão, comi várias coisas gostosas e, principalmente, cresci muito como pessoa. passei a respeitar e a entender melhor as diferenças e os costumes das pessoas que agem e pensam diferente de mim, passei a dar mais valor pros meus pais e pro esforço que eles fazem pra que tudo dê sempre certo e passei a enxergar que o planeta Terra é imenso e bonito demais pra que eu me contente em viver sempre em um único lugar.

tô morrendo de saudade de Toronto, da minha casinha no porão do prédio, do meu professor engraçadíssimo, dos meus amigos, dos malucos sem noção da vida que moram naquele país, da segurança que eu tinha em andar sozinha na rua escura, do cinema de 5 dólares do ladinho de casa... 

eu ainda volto pra esse lugar. pra recordar "ao vivo" todas as minhas memórias que ainda estão fresquinhas na minha cabeça e pra viver mais várias outras histórias, já que quando eu fui eu era considerada menor de idade por lá e não podia entrar nos night clubs :P hahaha

melhor landscape <3 :')

casa loma + toronto island + niagara falls 

baseball game + cn tower 

terça-feira, 27 de maio de 2014

uma a menos no jardim

o eduardo abriu os olhos, mas não quis se levantar. de repente, sem querer, ele acabou percebendo o tamanho da burrada que havia feito. então o desespero foi crescendo dentro dele e a única reação possível pro eduardo naquele momento era continuar embaixo das cobertas, fechar os olhos novamente e tentar acreditar que tudo não passava de um pesadelo muitíssimo parecido com a realidade.
o problema é que aquilo era real. todos os pensamentos amedrontados e os sentimentos agitados do eduardo estavam cada vez maiores por causa de algo que de fato havia ocorrido. criando um fiozinho de coragem, ele levantou da cama e foi caminhando lentamente até a sala de sua casa. ao olhar pro lado direito, próximo à janela, seu mundo caiu. essa foi a confirmação de que ele estava realmente perdido e sozinho a partir daquele momento. 

eduardo esqueceu de regar a sua flor, porque acreditava cuidar dela bem o suficiente. sua inocência (ou falta de carinho?) fez com que ele fosse negligente em relação ao que ele amava. quando ele se deu conta, sua margarida havia murchado e morrido. a flor tinha deixado ele pra trás, pra sempre. ela, que antes era cheirosa e cheia de cor, estava agora sem vida nenhuma. 
pra quem olha de fora, isso pode não ser nada demais, pode ser uma coisa boba e corriqueira. mas o que acontece é que o eduardo não sabia viver sem a sua margarida. e nem ele tinha se dado conta disso antes.

boa sorte, eduardo. espero que um dia você saia dessa. 

sexta-feira, 2 de maio de 2014

don't carry the world upon your sholder

eu costumava me culpar por tudo. qualquer coisa ruim que acontecesse era, de certa forma, culpa minha. até que um dia eu percebi que: nossa senhora, como eu sou egocêntrica. eu sou 1 só e nem tenho tanta importância assim no mundo, por que raios eu seria responsável por todas as coisas? 
desde que eu me toquei do tamanho da minha insignificância (não acho que isso seja uma coisa ruim, aliás), eu parei de me martirizar por tudo. assumo a culpa quando realmente a tenho, mas quando ela não é minha, o problema também não é. 
tô parando de me preocupar com tudo antes da hora, parando de fazer tempestade em todos os copos d'água que eu encontro pelo caminho, parando de querer tomar as rédeas de todas as situações. a vida tá ficando tão mais leve e mais bonita! :)

cada um tem sua parcela de responsabilidade sobre as coisas que o cercam, cada um tem que fazer a sua parte. não quero mais ter que assumir a minha e a dos outros. não quero mais ser a única que leva tudo a sério enquanto ninguém mais dá importância pro que tá me corroendo por dentro. chega. 


"pare de se preocupar com coisas que você não pode controlar"

sábado, 26 de abril de 2014

algo em tudo que passa, fica

meu coração deve ter 2x o tamanho do planeta terra, só isso explica o fato de caber tanta coisa dentro dele. tudo (eu disse tu-do) que eu já gostei de verdade um dia, continua aqui. pra sempre. em menor intensidade, às vezes escondidinho em um dos cantos, mas ainda se faz presente.
aquela música que um dia já foi minha preferida e hoje eu não escuto mais, aquela pessoa que um dia eu considerei como um dos melhores amigos e hoje eu nem converso mais, aquele desenho que eu assistia todos os dias e hoje não passa mais na tv. se eu sair revirando essa caixa enorme que eu chamo de coração, vou encontrar tudo isso. 
talvez eu nem me lembre mais de certas coisas, porque minha memória tá longe de ser boa. mas se eu, por algum motivo qualquer, me recordar, pode ter certeza que pelo menos 1% do que um dia foi amor de verdade, vai aflorar de novo. vai me tirar um sorriso, vai me trazer uma sensação gostosa. 
isso é o que me faz confirmar (ou não) se eu realmente gostei das coisas. se eu penso em algo que eu já julguei importante um dia e agora não me faz a menor diferença, eu percebo que, no fundo, não era importante coisa nenhuma. me fazia bem, eu achava que gostava e pronto. mas hoje eu vejo que, realmente, eu só achava. quando as coisas se tornam totalmente indiferentes pra mim, elas nunca me foram essenciais.

"é sempre amor, mesmo que acabe. é sempre amor, mesmo que mude"

terça-feira, 25 de março de 2014

eu devia pedir desculpas

devia, mas não vou.
devia, mas não quero.
me assumo e aguento o que estiver por vir.

o que eu queria mesmo
lá no fundo, de verdade
era cobrar.

queria, mas não vou.
queria, mas não devo.
não devo, não posso e, por isso, me seguro.

exigir demais
seja de quem for
é besteira.



terça-feira, 18 de março de 2014

vai, lela, ser gauche na vida

sinto que não nasci com muita aptidão pras coisas. me julgo boa em algo, vou lá e descubro que: ops, nem sou. e aí eu fico louca, porque "pqp não é possível que eu não sirva pra nada nessa vida". e isso faz com que eu sinta vergonha de tudo. de não conseguir fazer algo, de falar algo errado, de ~fazer feio~ na frente dos outros..
também morro de vergonha de puxar assunto com as pessoas, nem que for só pra avisar a moça do metrô que "oi, sua camiseta tá ao contrário", por exemplo. na verdade, prefiro passar despercebida no meio da multidão. ficar ali no meu canto, sem reparar muito no que tá em volta, curtindo minha própria companhia.
ainda mais porque, além de tudo, eu não tenho paciência. então eu prefiro ficar sozinha do que estar acompanhada de uma pessoa chata.
mas aparentemente isso faz com que as pessoas malucas sejam atraídas por mim.... olha, é uma coisa fora do normal. parece que existe um ímã que puxa todo o tipo de gente descompensada pra perto da minha pessoa. 
e eu, com toda a fofura do meu ser, deixo nítido o quanto eu não queria de verdade verdadeira ter que conversar com o maluco. faço cara feia, não sorrio, não dou continuidade aos assuntos. porém isso pouco importa, já que a pessoa não. vai. embora. nunca. :|
dizem que os opostos se atraem, né? seguindo essa premissa, eu seria a pessoa mais centrada e coerente da face da terra. mas tô começando a acreditar que, no fundo, a maluca sou eu. porque não é possível. 
ou então, pra piorar, talvez o meu talento na vida seja realmente esse: conviver, sem surtar, com gente doida e sem desconfiômetro.

pra vocês, malucos da faculdade que eu sequer gosto e que agem como se fossem meus amigos: apenas não. 

sexta-feira, 7 de março de 2014

silêncio é expectativa (mas não precisa ser)

primeira aula, 40 pessoas sentadas umas ao lado das outras, ninguém se conhece. silêncio. o professor entra na sala, diz "bom dia", todo mundo responde. silêncio. e mais um pouco de silêncio.
então o professor começa a falar - sem parar - alguma coisa desnecessária e chata, que deixou a turma toda com muito sono, mas que me rendeu algo pra pensar a respeito. no meio de todo o discurso, eis que surge a frase "o silêncio é expectativa". e eu tô aqui pensando nisso há mais de 24h. 

as pessoas tendem a ficar desconfortáveis quando estão em silêncio na companhia de mais alguém, principalmente se é alguém com quem não se tem intimidade. e rola toda uma espera, uma expectativa mesmo em cima de quem vai quebrar o gelo e qual será o assunto abordado. 
aí o mais incomodado com a falta de diálogo tende a falar coisas como, por exemplo, "e esse calor, hein? tá precisando chover", como se a outra pessoa não estivesse no mesmo lugar que ele e não soubesse exatamente como está o tempo.... 

eu aprecio o silêncio. assim eu escuto meus próprios pensamentos e percebo facilmente quando acontece algo ao meu redor. o menor dos barulhos soa como um estrondo quando quebra um período silencioso. não sinto necessidade de falar com alguém só porque estamos dividindo o mesmo espaço. o silêncio é quase uma pausa na rotina. hoje em dia o normal é o barulho caótico do trânsito, das milhares de pessoas que se apertam nas estações de trem e metrô, das televisões que estão sempre ligadas...

é lindo poder se desligar disso tudo, nem que seja apenas durante alguns minutos. e é mais lindo ainda quando você consegue compartilhar o silêncio com outra pessoa e se sentir em paz. sem ficar contando os segundos pro outro falar, sem ficar esperando algo acontecer pra vocês terem algum motivo pra conversar. se sentir bem e confortável na companhia de outro alguém, mesmo sem falar nada, é uma sensação muito gostosa. encontrem alguém que lhes transmitam esse sentimento e, por favor, não deixem que esse alguém saia da vida de vocês. <3

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

a respeito da saudade

sempre vem, mas quase nunca vai
insiste em ficar, mesmo que a gente não queira
às vezes faz bem, infelizmente também dói
e quando a dor aperta, sufoca até a alma 

pra mim, é constante
de vez em quando se esconde, mas é fácil de achar
é só fechar os olhos que eu enxergo direitinho
mas já me acostumei com a companhia
acho que eu até aprendi a gostar

domingo, 2 de fevereiro de 2014

coragem, minha filha

tenho medo de tu-do que existe no mundo. é uma coisa muito chata isso. medo de escuro, de tubarão (mas assim, pavor mesmo) e de altura até que tá tudo bem e dá pra levar, mas sentir pânico só de pensar em pegar o telefone e ligar pra alguém? sabe, não é normal. e esse é só um dos exemplos.
sempre quis mudar essa situação, mas ainda não cheguei no nível de fazer terapia. aliás, tenho medo disso. e não faço ideia do motivo. mas, sendo assim, tenho que superar de outras formas, do tipo: fazendo um trabalho mental gigantesco que nem sempre funciona e que demora pra ficar pronto...
seria tão mais fácil ser uma pessoa menos complicada! às vezes me sinto igual cachorro no meio de queima de fogos, com o corpo todo tremendo e o rabo entre as pernas. só que em vez de querer alguém pra me fazer carinho e falar com voz fofinha "vai ficar tudo bem, cão, não se preocupa", eu bem precisava de alguém que me desse um empurrão e dissesse "coragem, minha filha, cê já tá muito grandinha pra isso". e que, ao mesmo tempo, me passasse a confiança necessária, que me mostrasse que eu não tô sozinha e sempre vou ter alguém ali pra me ajudar se a dificuldade crescer muito ;~

insegurança de vez em quando não faz mal, o problema é conviver com isso 24h por dia. uma das minhas metas do ano (da vida, talvez) é deixar de sentir medo de viver e encarar as coisas de frente. boa sorte pra mim!

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

have fun with yourself

eu tenho um certo limite de convivência. talvez o correto seja dizer que eu tenho uma puta de uma impaciência, mas ok. segundo a minha mãe, sou assim desde pequena. nunca aguentei muito tempo. chamava as amiguinhas pra viajar comigo e no começo era só alegria, porém no final da viagem eu já tava querendo mastigar a amiguinha que ainda tava ali. já deu, sabe? eu canso. 
não canso da companhia. canso da mesmice. se a pessoa é legal e não é monótona, tá ótimo (digamos que esteja quase perfeito, na verdade). mas o que acontece é que quase todo mundo é a mesma coisa todo dia. os mesmos papos, as mesmas atitudes. uma rotina chatinha, que vai me dando uma preguiiiiça.. 
e aí eu fui me acostumando a ficar sozinha, fui aprendendo o quanto eu consigo me divertir mesmo sem ninguém por perto. claro que é sensacional você estar acompanhado e ter alguém do seu lado quando você precisar. ninguém merece ser solitário. mas, pelo menos pra mim, ficar sozinha de vez em quando é essencial. eu preciso do meu espaço, eu preciso ser "deixada em paz" por uns momentos.
ser feliz comigo mesma é o que me permite ser feliz na companhia dos outros.


muito bom, por sinal

mas fica aqui meu beijo especial pras pessoas que não me deixam com preguiça. muito pelo contrário, tem gente por aí que só me deixa cada dia mais empolgada. e com vontade de mantê-las pra sempre do meu ladinho. pra vocês, meus sinceros agradecimentos <3