sabe quando você sente vontade de escrever sobre uma coisa específica, mas não consegue transformar aquilo num texto? sim, você sabe. todo mundo sabe. todo mundo já teve essa sensação esquisita de não saber como concretizar em forma de palavras uma ideia que se tem na cabeça. mesmo que seja no meio de uma prova de redação na escola, mesmo que seja na hora de tentar dizer algo pra alguém. mesmo que seja um post besta que nem esse, sobre um fim de semana qualquer.
me deu vontade de registrar um fim de semana, assim como eu já fiz outras vezes. esse aqui nem teve nada de especial, eu nem fiquei super feliz radiante empolgada agradecendo aos céus etc durante todos os minutos. foi bem normal, nada que já não tenha acontecido antes e que não vá se repetir várias vezes ainda. mas mesmo assim, sem nenhum motivo realmente bom, eu quis escrever sobre. só que eu tô ensaiando esse texto há dias e: nada. não sei por onde começo, não sei como eu conto as coisas, não sei como eu estruturo o texto, não sei quais coisas eu deixo de fora e quais coisas não podem faltar... e por aí vai.
a única coisa que eu sei é que eu não ia me aquietar enquanto não tivesse feito isso, mesmo que eu não me contente com o resultado final. coloquei na cabeça que eu queria fazer isso, que eu precisava fazer isso, que eu ia fazer isso. e agora eu tenho três parágrafos introdutórios falando sobre algo que nada tem a ver com o que virá nos parágrafos seguintes - eu espero. relendo o que tá escrito e pensando nessa mistureba de ideias soltas, muito me espanta que minhas notas em redação (incluindo vestibulares) sempre tenham sido tão boas. é difícil de acreditar que alguém que não consegue escrever sobre algo que sente vontade - e está enrolando há três parágrafos pra começar de fato - conseguia criar textos bons sobre assuntos normalmente chatos e desinteressantes.
nem sempre era simples escrever. dependendo do tema (e do quanto eu entendia ou não sobre ele), o esforço pra preencher o número mínimo de linhas exigido podia ser gigante. mas tá muito mais complicado vir aqui e falar que, num fim de semana qualquer, eu fui numa festa e vi dois filmes novos. como se isso fosse surreal e impossível de descrever. como se eu já não tivesse ido a várias festas iguais e assistido a outros filmes esquisitos. nada de novo sob o sol. talvez o bloqueio na hora de escrever esteja um tantinho surpreendente, mas de resto: tudo mais do mesmo. a festa foi na sexta, um dos filmes foi no sábado e o outro foi no domingo. tudo assim separadinho organizadinho pra ficar ainda mais fácil na hora de contar. teoricamente né, porque a gente já vendo que na prática isso não adiantou de nada.
acho que agora chegou a hora de tentar realmente. começar do começo me parece uma boa ideia, já que seguir a ordem cronológica tende a facilitar. sendo assim, comecemos pela festa. na verdade, pelo que aconteceu algumas horas antes dela. ainda na minha casa, escolhi qual roupa eu usaria, separei mais algumas coisas, guardei tudo numa mochila, peguei um ônibus e fui pra casa do namorado (não que essas informações sejam essenciais pra narrativa, mas achei importante registrar). chegando lá, teve beijo teve abraço teve amor teve o billy teve a revista superinteressante teve panqueca de janta. ah, teve coisa pra caramba. e teve a gente saindo antes das 20h pra pegar o trem e ir pro local da festa, longe longe longe, e chegar na hora marcada. chegamos. é claro que não tinha quase ninguém lá, as pessoas não cumprem horários. ficamos no frio, esperando esperando esperando.
por que a gente tinha hora marcada pra chegar? porque meu namorado ia tocar nessa festa. o boy faz parte da bateria da faculdade dele, era uma cervejada da faculdade, a bateria ia tocar na festa, os integrantes deveriam entrar todos juntos. enfim, entramos. o lugar era esquisito, bem caído na verdade. mas eu fui de graça (vantagens de se namorar a atração da festa, meus caros), então não tinha muito do que reclamar. e era open bar, just for the record. ao longo da noite, a festa foi ficando cada vez mais e mais cheia de gente. quando chegou o momento de prestigiar o boy tocando seu repinique (ou seja lá qual o nome daquele tambor), a casa tava lotada. de cima do palco, eu enxergava um mar de gente cantando junto e pulando ao som das músicas de cunho duvidoso da faculdade do namorado (faculdade essa que não terá seu nome citado, mas fiquem vocês sabendo que: os alunos de lá idolatram, as pessoas de todos os outros lugares - eu inclusive - não são muito fãs... é uma coisa de louco). a bateria foi o ponto alto da noite, mas não posso negar que tirar uma foto com um anão famoso (que eu não conhecia) também foi divertido.
namorado artista e eu ficamos por lá até dar o horário do metrô abrir, por volta de 4h30 da manhã. na volta, passamos num habibs pra encher a pancinha e comemos várias esfihas. e bebemos o suco de maracujá mais doce da história da minha vida, que horror. e deixamos pra trás nossas canecas, coisa que só percebemos tempos depois, já no metrô. essa parte foi triste, a gente tava colecionando :( eu já disse que o lugar era super longe? pois digo de novo, de tão longe que era. a gente tava há mais de dez estações de metrô de distância de onde desceríamos pra fazer transferência pra outra linha, era muita coisa. sendo assim, é claro que deu tempo de dormirmos. e é claro que, quando acordamos, demoramos um tantinho pra perceber que tínhamos perdido nossa parada e já estávamos umas quatro estações pra frente. só nessa brincadeira demoramos mais meia hora pra chegar em casa, foi ótimo. rolou até corrida na rua pra ver se chegávamos mais rápido. entramos em casa, escovamos o dente, colocamos o pijama, deitamos na cama, ficamos abraçadinhos e dormimos. tudo isso em menos de dez minutos.
no sábado, assistimos pulp fiction. todo mundo ama, eu não gostei. não vou me estender, mas achei o filme todo sem pé nem cabeça - mesmo que todas as cenas sejam interligadas e se expliquem. genial, porém não faz meu tipo. namorado ficou ofendido, porque é o filme preferido da vida dele. a parte que eu mais gostei foi aquela em que ocorreu uma discussão sobre cachorros e porcos serem animais sujos ou não, OU SEJA. e domingo foi dia de ver 50 tons de cinza. péssima escolha, por motivos óbvios. ninguém tava esperando um filme bom, a gente só não tava esperando um filme tão ruim também. duas horas e nada acontece, duas horas e nenhum diálogo bom, duas horas e pura vontade de desligar a tv. nós até arriscamos assistir de cabeça pra baixo, pra ver se ficava um tantinho mais animado. não ficou, mas rendeu umas risadas legais. por conta disso, rolou uma tentativa de fechar um dos olhos pra ver se a legenda, de ponta-cabeça, ficava mais nítida. também não ficou.
e foi isso. deixei tanta coisa de fora desse texto que nem parece que foi o mesmo fim de semana. não falei da comida que fizemos, não falei das gargalhadas que nós demos. bom, agora eu falei... mas mesmo sem falar sobre tudo, isso aqui ficou imenso. tão grande que, fosse essa uma redação de vestibular, os corretores sentiriam preguiça de começar a ler. e ficariam confusos com a falta de coesão. e me dariam uma nota baixa pelo meu desempenho. e deixariam de lado o fato de que eu tive de me esforçar de um jeito maluco pra conseguir devanear dessa maneira sobre um fim de semana qualquer, mas que eu gostei muito de ter vivido.
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