sábado, 18 de janeiro de 2020

sorrir pra não chorar

2019 foi o ano em que eu perdi as esperanças.

parei de acreditar que as coisas iriam melhorar em algum momento próximo e aceitei que tava tudo ruim mesmo, que não ia acontecer um milagre divino pra resolver todos os problemas do mundo. a vida ficou cinza, mas pelo menos não me frustrei muito (só um pouco). 

o cenário político nacional foi horroroso, teve incêndio matando adolescente, incêndio destruindo floresta, prédio desabando, lama consumindo uma cidade inteira, 200 casos novos de feminicídio por dia, racismo a torto e a direito... e isso só no brasil, sem considerar que o mundo inteiro tava em colapso.

antes de sair de casa pra trabalhar eu já tava mal humorada. não tem como ser feliz vendo esse monte de notícia ruim às 7h da manhã.


depois de tomar meu café com gostinho de desespero, eu tinha que pegar um ônibus, o trem e o metrô pra cruzar a cidade e passar 8h do meu dia dentro de um escritório, embaixo de um ar condicionado da sibéria que me dava dor de cabeça todos os dias, quase sem ver a luz do sol - porque a claridade na tela do computador atrapalha a vista, claro. e ganhando pouco, como já era de se esperar.

se tudo corresse bem, meu trajeto de casa até o trabalho - e vice-versa - durava 1h15. como isso raramente acontecia (bem-vindo à cidade de são paulo!), normalmente eu passava quase 3h/dia só nesse ir e vir. não há bom humor que aguente esse tempo todo em pé, num transporte caro, precário e lotado, ouvindo que a água gelada tá 2 reais e tendo que dar licença pra pastor maluco pregar gritando na orelha de todo mundo. socorro.

daí que eu perdi a vontade de fazer as coisas. basicamente, eu tava seguindo em frente porque não tinha outra opção. fiquei triste, desanimada, desacreditando de tudo. a vida tava pesada, ficou difícil mesmo. em 2019 eu só reclamei. quando alguma coisa boa acontecia, eu era a pessoa que falava (ou pelo menos pensava, quando não dava pra externalizar) "tá, MAS...". sabe? tava foda.

e eu tentava evitar ser uma pessoa horrível e ranzinza, então fazia piada e sorria o tempo todo. fingia que tava tudo bem, mas na verdade eu queria gritar.

ninguém merece viver assim, pelo amor da deusa. então pra 2020 eu quero - e preciso - tentar ver as coisas pelo lado do copo meio cheio. ou pelo menos ver que o copo tá pela metade, sem focar necessariamente no fato de ele estar meio vazio.

o problema é que 2020 mal começou e já tá uma desgraça MAIOR do que o ano passado. aí fica complicado demais pra uma pobre mortal tentar encontrar positividade no meio desse mar de horror que a gente tá vivendo. me sinto até mal de tentar ficar feliz quando tá tudo dando tão errado. e o mais bizarro é que, aparentemente, as coisas não vão melhorar mesmo. daqui pra frente é só ladeira a baixo.

mas como não posso me afundar mais nas bad vibes (e pra não dizer que não tentei!!), vou tentar ser mais grata pelo que eu tenho, pelo que acontece de bom na minha vida e na vida das pessoas que eu amo. quero tentar recobrar um tantinho da fé nas pessoas, que eu perdi completamente. quero sentir coisas positivas - e me agarrar nisso - quando eu ver alguém fazendo algo de bom por outra pessoa ou pelo planeta... enfim. essas coisas que a gente costuma esquecer rápido porque tá muito ocupado prestando atenção nos absurdos que acontecem o tempo inteiro.


essa mudança de atitude não vai transformar o mundo, mas vai deixar minha vida mais fácil. e, consequentemente, se eu tiver menos negativa, também vai facilitar a vida de quem convive comigo. e é um primeiro passo, né? se eu tiver bem, posso contribuir mais, ajudar mais. já diria minha mãe: "se eu mudar, tudo ao meu redor mudará também". nem que seja só um tiquinho.

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