sábado, 20 de maio de 2017

faculdade é um lugar doido demais, bicho

ainda na vibe do post anterior, sobre não saber lidar direito com outros seres humanos, mês passado tava especialmente difícil pra mim. por alguma razão inexplicável, todos os meus conhecidos da faculdade cismaram que a gente era tipo MUITO amigo. mas amigo mesmo, daqueles de parar pra conversar e não se desgrudar mais. mas assim... eu não sei conversar sobre trivialidades com quem eu não tenho intimidade.

quer dizer, é claro que eu sei, né. cresci em prédio, o que a gente mais faz é puxar assunto tosco dentro do elevador porque não aguenta ficar 1 minuto em silêncio na presença de outra pessoa... mas enfim. o que eu quero dizer é que eu não gosto disso. eu cruzo com os conhecidos pelos corredores, dou um oizinho com aquele aceno de cabeça esperto (jout jout falou sobre isso aqui) e sigo em frente. às vezes até desvio o meu caminho pra não precisar cumprimentar, confesso. mas nesses tempos a galera tava fazendo questão de me parar, dar beijo no rosto, conversar, andar do meu lado até eu chegar no meu destino e ficar querendo sair mas a pessoa não para de falar (sabe?)... tava foda.

aí tem esses 3 conhecidos em especial que me deixaram confusa, me perguntando em que momento os nossos "oi!" no corredor se transformaram em amizade verdadeira e sincera (provavelmente nunca, mas eu gosto deles mesmo assim).

tem um cara que eu sei lá quando foi a primeira vez que conversei com ele, também não sei qual amigo em comum que nos apresentou, eu só sei que um dia ele cruzou meu caminho e a gente começou a conversar. mas ele é muito inteligente e fica falando sobre coisas sérias, tipo iniciação científica e mestrado e projeções para o futuro, e eu só fico lá com cara de paisagem sorrindo e deixando ele falar. eu gosto do moço, mas não sei interagir. enquanto ele quer ser o próximo noam chomsky, eu só quero me formar e me livrar daquela faculdade horrorosa. os papos não batem. só rola um assunto legal mesmo quando a gente fala mal da professora, aí sim dá pra conversar sem me sentir imprópria :) às vezes eu passo por ele e finjo que não vi pra evitar a fadiga, mas ele é tão 10 que já me fez até favor. moço, desculpa por nunca responder direito quando cê fala sobre o meio acadêmico, é que eu realmente não tenho condições!

também tem essa menina que apareceu na minha vida por meio de amigos em comum que dessa vez eu sei quais são hahaha ela é ótima, temos aulas juntas, dou bastante risada quando a gente conversa e tal mas nós definitivamente não somos amigas. somos colegas de sala e olhe lá, sabe? aí fica aquela coisa, a moça me mostra vídeo que eu acho sem graça e eu tenho que rir por educação, porque não tenho intimidade pra falar "miga, que bosta!". é uó. ela escreve no meu caderno no meio da aula e eu fico tipo "meu deus do céu qq tá rolando aqui quando que eu te dei essa intimidade socorro tô perdida" hahahaha ela é meio cansativa, mas apesar disso é ótima também. miga, eu não sei lidar muito bem com você num geral porque às vezes acho que cê pesa a mão numa amizade que meio que não existe. mas pode ser que um dia ela venha a existir com certeza, se não existe ainda é porque eu demoro pra me deixar cativar, me perdoa!!!!

e por último tem esse ser humaninho que antes eu odiava, tinha birra mesmo, e agora a gente é tipo super best (mas como já é de se imaginar a relação é unilateral, eu sou a melhor amiga da pessoa mas meio que não abro a boca, tô ali só pra escutar e acenar). eu não sei em que momento essa amizade ~se consolidou~, olho pra trás e não consigo entender como fui deixar isso acontecer, mas agora não tem mais volta. não tenho como fugir, só me resta aceitar. sei tudo da vida da pessoa, é impressionante! mas às vezes eu desconfio que nem meu nome ela sabe, de tanto que a coisa é absurda hahaha mas enfim, dá pra me divertir nos momentos em que a gente se junta, então tá tudo bem também :)

e é isso. precisei abrir meu coração. não que algum leitor daqui tenha algo a ver com isso, eu só precisava desabafar mesmo.

e eu sei que o problema tá em mim que sou antissocial e não consigo interagir tranquilamente como uma pessoa normal, mas é o que temos pra hoje: desespero e falta de tato. ^^

terça-feira, 9 de maio de 2017

17 e 18. fazendo amigos no transporte público

não me sinto confortável conversando com gente desconhecida. pra mim é um sofrimento real ter que interagir com quem eu não conheço. fico sem saber o que fazer, o que falar, enfim. acho uó, de verdade. mas aparentemente tem algo na minha cara que faz com que toda e qualquer pessoa que passe pelo meu caminho puxe assunto comigo. não consigo entender o que rola, mas parece que eu tenho um ímã que realmente atrai as pessoas. apesar de andar na rua fazendo ~cara de poucos amigos~, bem fechada mesmo, pra tentar evitar ao máximo que os outros se aproximem (#meujeitinho), a galera continua me pegando pra cristo e vindo conversar.

daí que eu fiz "amigos" no ônibus esses dias.

eu tava de boinhas sendo meu livro até que sentou um adolescente do meu lado. a mãe dele tava junto e ficou em pé. falei pra moça que eu ia levantar pra ela sentar, porque tinha outro banco vazio e era só eu mudar de lugar. ela disse que não precisava, que não queria sentar. tentei voltar a ler o livro, mas o menino me ofereceu uma bisnaguinha pra comer. quis dar risada pelo absurdo da situação, mas só agradeci e voltei pra minha leitura. aí a mãe dele perguntou se eu podia abrir a janela, apesar de estar chovendo. ela fez uma piadinha sobre a água, eu dei risada por educação e desisti de voltar à leitura, porque percebi que aqueles dois não iam me deixar quietinha no meu canto.

guardei meu kindle na mochila e fui limpar meu óculos, porque as lentes estavam cheias de pinguinhos d'água (tomei chuva antes de chegar no ponto de ônibus). aí a mãe do menino começou a puxar assunto comigo - eu demorei pra perceber que era comigo, ignorei as primeiras duas frases da mulher - e contou que precisava fazer exame de vista, que o pai dela usava óculos e deveria ser hereditário. eu sorri, disse apenas "é, faz sim.." e acenei. ela continuou falando. daí o menino finalmente entrou na conversa e, desde então, não ficou quieto nem por um segundo.

primeiro ele me perguntou como eu fazia pra assistir a filmes 3d no cinema, já que uso óculos. depois, não sei como, o assunto mudou totalmente e ele me contou o dia dele inteirinho na escola. falou onde estuda, em qual série ele tá, qual matéria ele gosta, o que ele tinha comido no lanche... eu não sabia o que responder, só fiquei dando risada mesmo. primeiro porque rir é o que eu faço quando fico sem reação, segundo porque achei mesmo tão bizarro ele me falar tudo aquilo sem eu perguntar que dar risada foi meio natural. depois ele me contou onde mora, quantos ônibus pega pra chegar em casa, disse que tem um fluxo de funk na rua da casa dele de fim de semana que faz o ônibus mudar de rota e isso atrapalha o bairro todo... enfim. foram 30 minutos de ladainha. às vezes eu encorajava o menino a continuar, porque não dava mais pra fugir, às vezes eu me desligava da conversa e perdia uns dois minutos de fala. e assim fomos da hora em que eles entraram no ônibus até o ponto final, onde nós todos descemos.

eu não suporto conversar com quem eu não conheço no transporte público, mas também não consegui cortar o papo do menino e da mãe dele. os dois eram tão simpáticos que eu não pude evitar.

se eu preferia ter ficado quietinha lendo meu livro? definitivamente. se eu gosto de pensar na possibilidade de encontrar os dois de novo e retomar essa conversa? jamais. mas não foi de todo ruim. deu pra ver que eles ficaram felizes de encontrar um ouvido disposto a escutar tudo o que eles tinham pra dizer, ainda que não fossem lá grandes coisas.

vai ver a minha cara de poucos amigos não é tão eficiente quanto eu pensei que fosse...