sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

ser ou não ser?

cresci dentro de uma família que, ao meu ver, é muito bem estruturada. ainda que durante minha infância meus pais tenham passado por uma fase meio treta, isso nunca afetou a minha criação. sempre tive toda a atenção que eu precisava, sempre pude contar com eles pra tudo na vida, sempre houve diálogo. até nos assuntos mais complicados, minha mãe sempre fez questão de conversar comigo, de me ensinar as coisas, de me ouvir quando eu quisesse falar - mesmo que as opiniões divergentes às vezes causassem uma certa confusão entre nós duas. além disso, eu sempre tive muita liberdade. nunca fui privada de fazer as coisas ou de ser quem eu sou. e era aquela história: se eu pedisse pra faltar na escola, por exemplo, a resposta era "você é quem sabe". ou seja, se eu quisesse, tava tudo bem. mas eu é quem tinha que decidir, eu é quem sabia se era o momento certo pra perder uma aula ou não. e muitas vezes eu desistia de ficar em casa, porque acabava percebendo que não era a melhor decisão. que eu me lembre, eu nunca ouvi um "não" sem motivo.

o ponto é que, não sei se por conta dessa criação maravilhosa ou se simplesmente porque esse é meu jeitinho™ (muito provavelmente é pelos dois juntos, eu sei), mas eu sou muito responsável. tipo muito mesmo. tipo até demais. tipo num nível que de vez em quando eu paro pra pensar e acho que tô sendo tão madura pra minha idade que não aproveito nem um terço do que as outras pessoas aproveitam.

enquanto a galera tá indo acampar no meio de uma praia desconhecida, ou voltando pra casa embriagada as 7 da manhã, ou usando várias coisas ilícitas pra ~curtir, eu tô bem de boas. primeiro porque sou mais tranquila mesmo e minha fase adolescente maluca que quer aproveitar a vida adoidado etc talvez nunca tenha chegado completamente, segundo porque por mais que as pessoas estejam se divertindo bastante, eu tô apreensiva por elas achando tudo além dos limites aceitáveis de imprudência.

é legal sair pra beber com os amigos? poxa, pra caramba. mas será que também é legal pegar o carro depois de beber um monte de cerveja e mexer no celular enquanto tá no volante, acima do limite da velocidade? olha, pra várias pessoinhas da minha idade deve ser, porque o que eu vejo de gente fazendo isso não tá escrito... mas eu quero morrer com essas coisas. 

daí eu não sei se é todo mundo muito carpe diem, #YOLO etc, ou se todo mundo é muito burro, ou se todo mundo tem um total de 0 coisas a perder, ou se todo mundo tá só levando a vida de forma ~leve, ou se eu que sou paranoica, ou se eu que sou muito chata, ou se eu que levo a minha vida muito a sério... sabe? quem será que tá certo nessa história? aliás, será que realmente tem um certo ou um errado? eu penso bastante nisso. 

por mais que eu goste de ser assim, mais tranquila, tem dias que tudo o que eu queria era dar uma de ~jovem inconsequente~ e fazer várias coisas, digamos, perigosas. mas nem sempre eu tenho essa coragem toda. e aí eu me sinto meio fraca, como se eu não soubesse viver de verdade. mas ao mesmo tempo eu também acho que se eu fizesse certas coisas, não seria por mim. seria por querer me encaixar no meio da galera descoladinha, que vive fazendo loucurinha só porque é legal. e aí eu desisto, já que me importo +- uns 0% com fazer ou não parte do grupo...

talvez eu tenha perdido a linha de raciocínio em alguns momentos (quando não?), mas o que me fez parar pra pensar nisso hoje foi uma história que ouvi de um amigo - que, diferente de mim, é desses que curte tudo o que tem direito. a história resumida é a seguinte: estavam ele e um pessoal se divertindo num bar. o bar fechou, ninguém queria voltar pra casa, foram todos juntos pra outro lugar. lugar esse que não é recomendável pras pessoas estarem. tava no meio da madrugada, tudo escuro. em determinado momento, uma das meninas que tava com ele acabou caindo do lugar onde eles estavam e a menina morreu. SABE? não quero entrar em detalhes aqui, mas acho que deu pra perceber que a história é pesadíssima. 

no fim das contas eu falei tudo isso e não cheguei em conclusão nenhuma. ainda não descobri se a melhor coisa que eu faço é continuar sendo assim, ou se tá tudo bem eu abrir mão de ser tão certinha pra começar a aproveitar mais certos momentos. acredito que, ~como tudo na vida~, o meio-termo é a melhor opção. tá tudo bem em recusar a droga do amiguinho ainda que todos na roda estejam usando, mas também tá tudo bem em me divertir sem pensar nas consequências caso eu esteja com vontade de fazer isso. (desde que ninguém coloque a minha vida em risco, né?)



ps. eita título boboca, hein? sorry not sorry, gente.
pps. tenho a impressão de já ter falado sobre esse assunto aqui, mas fiquei meio com preguiça de procurar no histórico heh se for o caso, digo e repito: sorry not sorry, gente.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

quando a segunda vez é muito melhor que a primeira

eu vim aqui pra me redimir. 

antes de mais nada, preciso dizer que sou bem adepta da não-tão-querida prática de reler livros. sei que muita gente não gosta, porque acha meio perda de tempo ler um livro duas vezes sendo que há muitos outros ainda por ler nesse mundo. pois eu acho justamente o contrário: a vida é curta demais pra não aproveitar as releituras. 

dito isso, vamos aos fatos: eu sou louca por harry potter (tem um post mais ou menos sobre isso aqui, aliás!), mas num nível que eu não sei nem explicar direito. daí que eu já li e reli a série várias vezes, inclusive no original, mas tem um dos livros que eu só tinha feito uma leitura até então. o quinto volume, harry potter e a ordem da fênix. da primeira vez que eu li, há muitos anos já, eu não gostei muito. não sei dizer os motivos, eu realmente não lembro o que me fez achar que esse era o livro mais fraco dos sete, mas eu sei que demorei um mês pra terminar (enquanto li o sexto livro - meu preferido! - em uns três dias, mais ou menos).

eu comecei a pensar que tinha algo de errado nessa minha opinião sobre o livro quando as minhas amigas que leram harry potter pela primeira vez recentemente amaram a ordem da fênix. elas eram só elogios pro livro, enquanto eu ficava escutando com aquela cara de "mas não é possível que essas pessoas tão falando sério". o problema é que já fazia muito tempo que eu tinha lido, eu nem lembrava de tantas coisas assim, então eu não podia contestar o que elas tavam falando. minhas memórias sobre essa parte da história eram quase todas baseadas no filme, que é uma adaptação muito ruim e não faz jus nem a metade do livro (ainda que eu goste muito dele, enquanto as pessoas costumam odiá-lo... sou meio do contra, eu sei).

comecei a me sentir uma fã péssima, já que eu nem podia falar com propriedade sobre um dos volumes da série. aí decidi que tava mais do que na hora de dar uma segunda chance ao famigerado livrinho, que tem uma capa azul bem amorzinho e assustadoras setecentos e duas páginas.


a minha releitura também durou um mês inteiro (por motivos óbvios), mas foi tão prazerosa! eu dei risada, senti raiva, fiquei triste, senti ansiedade, fui dormir tarde porque não conseguia parar de ler... como se fosse a minha primeira vez com aquele livro nas mãos. foi uma leitura incrível e eu achei o livro incrível e às vezes eu me sentia culpada porque tava fazendo outra coisa em vez de ler. sabe? foi bem doido ter gostado tanto sendo que da primeira vez eu supostamente achei meio blé.

então eu venho por meio desta declarar o meu mais sincero amor por harry potter e a ordem da fênix, além de pedir um zilhão de desculpas por todas as vezes que eu tive a coragem de dizer que esse era um livro fraco.

ps. diferente de muita gente (oh really?) eu não acho que o harry tenha sido unica e completamente babaca nesse livro, inclusive compreendo todos os pitis e os surtos meio sem sentido do menino, e recomendo fortemente que quem não consegue entender faça uma boa releiturinha, assim como eu fiz! (ainda que eu já tivesse essa mesma visão na primeira vez em que li etc.)